Demorou, mas antes tarde do que nunca. Quer dizer, nem tardou tanto assim. É que a MP do Flamengo me pareceu tão antidemocrática, individualista, injusta e oportunista desde o início que fiquei espantado ao ver o Bahia, um dos que será muito prejudicado pela aliança Ninho do Urubu/Palácio do Planalto, rapidamente se declarar a favor. E outros, também.
Até cobrei o silêncio de Grêmio e Inter diante do viés autoritário do Flamengo, cuja direção (não a instituição) trata adversários como vaquinhas de presépio, se achando no direito de decidir por eles.
Pensando bem, é compreensível. Pegos de surpresa, é normal dirigentes sensatos não saírem falando de imediato. Recolhe opinião aqui, outra acolá, houve conselho de gestão ou administração, analisa prós e contras. Cartolas se pronunciam em nome da instituição.
É razoável dar-lhes algumas horas para certos alinhamentos políticos. O certo é que Grêmio e Inter estão unidos contra a MP do Flamengo. Se o direito de transmissão de um jogo ficar só com o mandante, quanto as nossas emissoras de TV, todas de audiência nacional, pagarão para transmitir jogos em casa do Bahia, do Goiás, do Coritiba ou até de Grêmio e Inter que não sejam contra Flamengo, Corinthians ou Palmeiras?
Migalhas. Alguns poucos ganharão mais. A maioria perderá muito. O abismo entre uns e outros se aprofundará. É uma MP que semeia a cizânia entre os clubes, quando na Europa as ligas milionárias se vitaminaram justamente na união de todos. Quando o futebol voltar, a MP do Flamengo já estará sepultada no Congresso.