Nada é maior do que Grêmio e Inter no Rio Grande do Sul. Nada. E mais: Grêmio e Inter são a prova de que o Rio Grande do Sul pode dar certo.
Se os gaúchos e as gaúchas de todas as querências quiserem de fato fazer com que esse Estado funcione, têm de olhar para o Grêmio e o Inter. Têm de se espelhar neles.
Repare que, hoje, poucas coisas realmente alcançam sucesso acima do Chuí e abaixo do Mampituba. O governo está às franjas da falência, tanto que precisa parcelar os salários dos servidores. Politicamente, o Estado refocila nas sombras da periferia, e estamos falando de um canto do país que forjou líderes como Pinheiro Machado, Getúlio Vargas, Prestes, Jango, Brizola, Costa e Silva, Golbery, Médici e Geisel, todos eles poderosas figuras nacionais. Socialmente, os gaúchos estão mais do que divididos: estão brigados. Tudo o que se tenta fazer fracassa. Porque a oposição é sempre incondicional.
Quando o assunto é Grêmio e Inter, os gaúchos se unem para colaborar. Quando é qualquer outra coisa, unem-se para sabotar.
O que resta?
Grêmio e Inter.
Os dois são conhecidos e admirados até fora do Brasil.
Por quê?
Porque, quando gremistas e colorados decidem construir algo, contam com o apoio de milhões de gaúchos. São milhões trabalhando em harmonia por um só objetivo e, do outro lado, os torcedores do clube rival não fazem oposição: apenas se calam e observam. Se der certo, copiam.
Quando o assunto é Grêmio e Inter, os gaúchos se unem para colaborar. Quando é qualquer outra coisa, unem-se para sabotar.
É por isso que os presidentes de Grêmio e Inter são tão importantes quanto o governador do Estado. Às vezes, mais importantes.
No caso de Fábio Koff, que morreu na quinta-feira (10), ele foi muito mais importante do que a maioria dos governadores que se repoltrearam no trono do Piratini. Koff tornou o Rio Grande do Sul maior do que era antes dele.
Suas conquistas já foram devidamente registradas e incensadas na quinta-feira. O que gostaria de analisar, agora, é COMO ele alcançou essas façanhas. Pois foi, justamente, graças à capacidade que Koff possuía de aglutinar forças, não raro forças contrárias. O Cacalo, por exemplo, era de um grupo político diferente do dele, mas Koff, sabedor de sua competência, convocou-o para ser vice de futebol. Cacalo aceitou e, durante muito tempo, os dois, junto com o Felipão, formaram o trio de ferro do futebol brasileiro.
Quando puxou as pessoas para perto dele, quando buscou a cooperação e o entendimento, Koff venceu. Isso aconteceu no Grêmio, no Clube dos 13 e até quando ajudou Fernando Carvalho a se tornar multicampeão pelo Inter. Quando Koff rompeu com outro grande dirigente, Paulo Odone, ele perdeu, e isso se deu em sua última passagem pela presidência do Grêmio.
A trajetória de Koff é uma lição para os gaúchos. Uma lição que pode ser resumida em uma frase antiga, batida, quase cômica, mas ainda válida: juntos, e apenas juntos, venceremos.