João Goulart Neto, neto do ex-presidente da República João Goulart, postou em seu perfil no Facebook que a família rejeitou uma série de ações em homenagem ao centenário de nascimento de seu avô proposta pelo governo federal.
"Não haverá comemoração alguma incentivada por um governo golpista que não nos representa, muito menos representa a verdadeira democracia na qual Jango lutou, valendo-lhe o destino de ser o único presidente a morrer no exílio", escreveu Neto na manhã deste sábado. "Não reconhecemos esse governo que aí está como legítimo", completou.
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A homenagem do governo de Michel Temer, segundo Neto, incluiria a realização de exposições e o lançamento de moedas comemorativas. O familiar observou que, na biografia de Jango, existem dois registros de nascimento, com divergência quanto ao ano – o ex-presidente teria nascido em 1º de março de 1918 ou de 1919. De acordo com a postagem, a família decidiu celebrar a data apenas em 2019. "Usaremos o segundo registro para comemorar os 100 anos, assim que esse governo atual não esteja mais no poder", disse Neto.
Jango foi presidente do Brasil de 1961 a 1964, quando foi deposto pelos militares. Morreu na Argentina, exilado, em 1976. Cardíaco e apreciador de carne vermelha, teria morrido de problemas no coração, mas o corpo não foi submetido a uma autópsia. Documentos comprovaram que Jango era monitorado pela repressão no exílio, o que deu margem para a versão de que teria sido envenenamento.
Seu corpo foi exumado em 2013, e o laudo produzido a partir da perícia de seus restos mortais, divulgado um ano mais tarde, não localizou vestígios de substâncias que possam ter sido usadas para envenenar o ex-presidente.