Os embates políticos na primeira metade desta década não desfizeram o sentimento de respeito que Paulo Odone nutre por Fábio Koff, que morreu nesta quinta-feira (10) aos 86 anos. Odone, que foi vice-presidente no primeiro ano da gestão Koff na década de 1980 e virou adversário na política do clube recentemente, destacou em entrevista ao GaúchaZH a relação próxima entre os dois.
— O melhor momento que o Grêmio viveu, a paixão tricolor viveu, foi a mágica de ser campeão do mundo em 1983. Nada vai ser mais intenso, mesmo que este título se repita no futuro. Aquilo era mágico. Me lembro, vendo pela televisão precariamente, com aquele barulho no sinal. O Grêmio conquistar aquele título longe da gente, no outro lado da Terra. Isso foi conquistado e todos os gremistas vão ter este presente. Nada pode ser maior. Mesmo com a morte do Koff, nada vai ser manchado, pelo contrário. A coisa mais justa é se homenagear o Koff — afirmou Odone, que confirmou que irá ao velório do ex-presidente para cumprimentar a família.
Paulo Odone garantiu que não ficou nenhuma mágoa com Fábio Koff por conta da disputa política que os dois travaram no fim de 2012.
— O que ficou é que infelizmente nada disso que passou, nem aquela disputa eleitoral, deveria ter acontecido. Se o Fábio tivesse me dado um telefonema para dizer que queria fazer o futebol de novo, eu teria combinado com ele. "Tenho uma grande moldura, concluí minha etapa, a Arena está pronta, e tu vens e dá outro título mundial". Era o que ele queria. Talvez, tenha se sentido na obrigação disso e acabou não indo tão bem. Mas isso não tirou tudo o que ele conquistou — relatou.
Para Odone, o único erro de Koff foi ter dito que a Arena não pertencia ao Grêmio.
— Entre mim e ele, ficou aquele ambiente. Assessores radicalizaram e passaram isso para a gente. A única coisa que fiz um reparo, que ele pisou na bola, foi dizer que a Arena não era do Grêmio. A torcida estava orgulhosa. Claro que aquilo marcou, foi um banho de água fria. Mas a prova está aí, o que todo mundo está vivenciando. Não tenho mágoa. Fiquei magoado ao ouvir um comentário agora no Sala de Redação de que somos inimigos. Mesmo com esse comentário, atravessei sozinho o campo da Arena com ele. Andamos lá dentro, ele me manifestou espanto e admiração pela grandeza daquilo. O meu nível de diálogo com ele era esse. Não tem essa coisa de inimigo — explicou.
Assim como Fábio Koff, Paulo Odone teve três passagens como presidente do Grêmio — de 1987 a 1990, de 2005 a 2008 e de 2011 a 2012.
Para Odone, a pacificação política do Grêmio é demonstrada com o sucesso dentro de campo:
— O grande segredo não é o presidente Bolzan ter dado força para o Renato, mas sim o tom de pacificação que ele adotou. Me chamou para tomar um café, para me dizer que não tenho o reconhecimento que mereço. Esse tom é o que nós temos que ter, juntos, para juntos podermos dizer que o Koff foi o maior presidente da história do Grêmio.