Uma arma foi entregue para que um traficante matasse outro dentro de uma penitenciária que deveria ser diferente. A resposta das forças de segurança do Estado precisa ser contundente para evitar que balas perdidas e homicídios se tornem recorrentes. Quando as facções saem dos seus embates diretos, sobra para a população ver o amento dos crimes. Tudo que não queremos é um avanço da criminalidade ou uma reversão dos bons resultados das ações de segurança dos últimos anos no Rio Grande do Sul.
A Penitenciária Estadual de Canoas (Pecan) foi construída com uma filosofia de presídio modelo. Os presos não teriam ligação com facções, usariam uniformes, teriam oportunidade de estudos e de trabalho. A cadeia humanizada e sem sinal de celular, o que, em tese, deixaria os detentos sem ligação com o mundo externo. Oito anos depois e com a filosofia deixada de lado, chegamos ao dia em que noticiamos uma execução dentro do local.
O secretário de Segurança Pública do Rio Grande do Sul acerta quando reclama da falta de endurecimento das leis. Sandro Caron tem batido nessa tecla toda vez que fala sobre crimes que desafiam as forças de segurança do estado. Um exemplo claro é a morte da Camilla Lopes Fruck, de 25 anos, vítima de bala perdida na Restinga, em Porto Alegre. O homem preso por disparar contra ela tinha sido detido quatro dias antes do tiroteio. Ele tinha um arsenal de munição, foi flagrado com uma mochila cheia, inclusive, de munição de armas de uso restrito. Na audiência de custódia, sem pedido de prisão pelo Ministério Público, ele foi solto sob condição de se apresentar sempre que fosse chamado, não se envolver em novos delitos e ficar em casa durante a noite. O que aconteceu, todos sabemos.
Para a polícia, a sensação é de enxugar gelo. Prende uma pessoa perigosa e, três dias depois, ela mata uma inocente.