A eleição para a escolha do presidente do Comitê Olímpico do Brasil (COB) para o próximo ciclo olímpico está marcada para a quinta-feira (3), no Rio de Janeiro. Dois candidatos, o atual presidente Paulo Wanderley, e seu ex-vice, Marco Antônio La Porta, concorrem aos votos da Assembleia Geral.
A Assembleia Geral é composta pelos 34 presidentes das Confederações Olímpicas de Verão e Inverno filiadas ao COB; pelos dois membros brasileiros do Comitê Olímpico Internacional (COI) – Andrew Parsons e Bernard Rajzman; e por 19 representantes da Comissão de Atletas.
Eleito vice-presidente na gestão de Carlos Arthur Nuzman, após os Jogos Rio-2016, Paulo Wanderley Teixeira assumiu o posto de presidente em outubro de 2017, quando o então presidente pediu afastamento depois de ser preso, pela Polícia Federal, sob a suspeita de compra de votos para o Rio de Janeiro ser escolhido como sede dos Jogos Olímpicos.
Após concluir aquele mandato, foi eleito em outubro de 2020 para um novo período e esteve à frente do COB nos Jogos de Tóquio, que aconteceram em 2021 por causa da pandemia, e de Paris-2024. Agora, ele busca a reeleição, mesmo criticado por algumas entidades que entendem que sua candidatura estaria ferindo a Lei Pelé, que não permite duas reeleições.
Mas seu entendimento é de que esta é sua primeira reeleição, já que no pleito de 2020 concorreu ao cargo pela primeira vez, pois estava em um mandato tampão após a saída de Nuzman,
— É uma convicção que eu tenho, que é uma primeira reeleição, isso é indiscutível. E me sinto capaz de pleitear essa reeleição por conta de tudo que já foi realizado dentro do COB, com exemplo práticos, palpáveis, sinto-me preparado, com experiência de 52 anos em gestão esportiva em entidades nacionais e internacionais. Me considero capacitado, com vontade, experiência e quero — disse ele em entrevista ao programa Gaúcha Olímpica, da Rádio Gaúcha, onde falou sobre planos e o que pretende fazer em caso de reeleição.
Quais aprendizados o senhor traz dos sete anos em que comanda o COB e o que pretende mudar se for reeleito?
O que nós queremos é consolidar o que já foi feito, com uma equipe bem preparada. E avançar. Gestor que pensa que já está pronto, termina. Tem uma evolução prevista. Você deve ter acompanhado o acordo com a Caixa Econômica Federal (patrocínio de R$ 160 milhões até 2028), que atende nossa intenção de criar um programa chamado Top Cob. É um programa seguindo o exemplo do Comitê Olímpico Internacional, onde esses recursos serão injetados diretamente nas confederações, nos atletas e suas equipes, sem mexer no que já está sendo feito. Dessa forma poderão ser feitos mais projetos, training camps. Esse é um recurso que viemos trabalhando há oito meses. É um recurso que vai oportunizar aperfeiçoar a preparação, performance dos nosso atletas. Consolidar e avançar, essa é a nossa proposta.
É possível descentralizar o COB, que tem toda sua base no Rio de Janeiro?
Queremos levar o COB para fora de sua sede (Rio de Janeiro), para outras regiões do País. É o Caravana Olímpica. É levar durante um período a experiência olímpica para a população local, com atletas que possam incentivar novos praticantes. Uma expansão do movimento olímpico.
Formação de atletas?
Cuidar da base com o Conexão Lima, que tratará de atletas da base. Eles estarão nos Jogos Pan-Americanos, que vão servir de preparação para Los Angeles. E os resultados de lá (Pan de Lima-2027) poderão classificar para os Jogos Olímpicos, pelas cotsa da PanAm Sports. Vamos ter um cuidado todo especial com esses atletas, como foi em Paris, com os atletas do conexão Santiago.
É possível ter centros de treinamento pelo país?
Temos o Centro de Formação Olímpica (CFO) de Fortaleza, que é um espaço enorme, que atende diversas modalidades. Assinamos na COB Expo, um convênio de parceria com a secretaria de esportes do Ceará, para incentivar as confederações a criar seleções permanentes e irem para lá fazer treinamentos. E com um olhar voltado para a base, para o desenvolvimento. Temos o Centro Olímpico de São Paulo. Algumas modalidades já treinam lá e nós vamos entrar com a chancela do COB e com apoio técnico também.
Assim com vamos para o Norte, Nordeste, onde precisamos avançar, no Sul temos que consolidar. Estive no Paraná e o secretário de esportes me falou sobre um centro de excelência de atletismo em Cascavel. Em Curitiba, tem um centro de treinamentos da escalada esportiva dentro da prefeitura. É um ponto de atenção e nós vamos entrar com apoio. No Sul temos que consolidar o que já existe e lá em cima (Norte-Nordeste) nós precisamos avançar e será feito.
Como o senhor encara as contestações à sua candidatura?
Visão de tranquilidade. Quem deve se preocupar com isso é a minha assessoria jurídica, se vier alguma demanda, o que não aconteceu. Eu quero ir pro voto é na assembleia que tem que decidir. Mas se houver uma demanda jurídica, são as pessoas especializadas no tema que vão cuidar disso. Da minha parte, é assembleia e voto.
Quem deve se preocupar com isso é a minha assessoria jurídica
PAULO WANDERLEY
Presidente do COB sobre contestações à sua candidatura e possível demanda jurídica.
Como melhorar as gestões das confederações, já que algumas tem dificuldades e estão impedidas de gerir seus recursos?
Uma atenção toda especial. Mas esses problemas foram herdados pelos atuais presidentes. Alguns já resolveram. Na Confederação Brasileira de Taekwondo (CBTKd) tinha um problema grave, não recebia recurso, respondia várias questões legais. Mas está sanado. O ex-presidente é o nosso vice, o (Alberto) Maciel Junior. O que estamos fazendo de prático, já que o esporte não pode parar e os atletas não tem culpa disso? Continuamos dando suporte. A governança tem um programa criado pela nossa gestão, que é o Gestão Ética e Transparência (GET) e que foi aderido por todas as confederações, o que ajuda na boa governança.
Será necessário cuidados especiais com a questão das apostas no esporte? Novas orientações para atletas?
É uma questão que preocupa a todos no esporte, a manipulação de resultados. Criamos ano passado uma área específica para orientar os atletas. As Bets poderão ajudar com recursos na área social, no esporte. Temos a Caixa Federal como patrocinadora, tem as loterias e eles vão ter que se adaptar. Mas claro que se trata de uma empresa com lisura, expertise, governança. E quando eles entenderam que deveriam nos patrocinar também fizeram uma análise sobre como atuamos.
O senhor foi pego de surpresa quando o Marco La Porta renunciou em março para concorrer ?
Me surpreendeu sim. Ele foi um grande parceiro no COB. E quero deixar claro que não somos inimigos, somos adversários de ideia, de proposta, nesse momento. É perfeitamente aceitável, é natural, é do processo. Ele quer por as ideias dele em prática e cumpriu o estatuo para concorrer e está buscando o espaço dele. É direito adquirido.