José Roberto Guimarães foi um dos homenageados no Prêmio Brasil Olímpico, no Rio de Janeiro. O treinador que tem no currículo cinco medalhas olímpicas, três delas de ouro, recebeu do Comitê Olímpico do Brasil (COB) o Troféu Adhemar Ferreira da Silva, a mais importante honraria concedida pela entidade a atletas, treinadores e membros da comunidade esportiva por suas trajetórias.
Incansável, aos 70 anos, sendo mais de 50 deles dedicados ao esporte, especialmente o vôlei, onde também foi atleta olímpico e dirigente esportivo, função que acabou executando também no futebol, Zé Roberto seguirá para mais um ciclo olímpico e buscará fechar em Los Angeles uma trajetória repleta de conquistas.
No Rio, após receber o Troféu Adhemar Ferreira da Silva, destinado a personalidades do esporte que representam os valores que marcaram a carreira e a vida do bicampeão olímpico no salto triplo, como ética, eficiência técnica e física, esportividade, respeito ao próximo, companheirismo e espírito coletivo, Zé Roberto conversou com a coluna e falou sobre planos e preocupações com o esporte.
Como foi o ano de 2024 pra você ?
Foi um ano bom. Lógico que a gente gostaria que fosse melhor com a conquista da medalha de ouro em Paris. Mas acho que foi um 2024 de muita luta, muita dedicação, de muitos desafios. E a gente viu que nós temos time pra brigar com qualquer um. Nós perdemos a semifinal (olímpica) para os Estados Unidos por 3 a 2, e ganhamos da Turquia na disputa da medalha de bronze. Agora vamos iniciar um novo ciclo. Mas em 2024 só temos de agradecer: eu acredito que foi de bons resultados e de bastante aprendizado.
Como será o processo de renovação, já que jogadoras importantes sairão agora? Como você projeta a seleção para Los Angeles?
Isso já aconteceu algumas vezes. Por gravidez, como foi o caso da Paula (Pequeno) em 2016. A Fabiana (Claudino) por causa da pandemia, que iria voltar em Tóquio em 2020 e com o atraso (de um ano) ela já estava esperando para engravidar, a Thaisa em Tóquio também (lesão joelho) e agora para o próximo ciclo. Isso já faz parte da nossa vida e nós temos de nos reinventar. Mas o que é bom é que estão aparecendo algumas jogadoras talentosas e importantes para a continuidade do voleibol brasileiro. E tendo material humano, trabalho a gente faz, de melhorar a mecânica, a técnica para que elas evoluam e possam representar bem a seleção nacional. Experiência você não adquire da noite pro dia. Isso demanda tempo, jogos, experiência in loco (de quadra), derrotas e vitórias para que você evolua. Mas eu acredito que nós temos uma boa base e ela vai dar um bom respaldo para essas jovens que estão vindo pra seleção.
Fomentar a base é necessário e é uma preocupação da nova gestão do COB. No seu discurso você falou sobre esse apoio, o incentivo que é necessário e a importância da Lei de Incentivo ao Esporte que tem sua continuidade ameaçada.
É fundamental. A gente sabe que uma das coisas mais importantes do esporte de alto rendimento é o investimento na base. É estar com os olhos voltados para a base, valorizar, fazer com que essas meninas e meninos aprendam da melhor maneira possível, tenham uma boa escola, que façam uma boa mecânica (de movimentos). Tudo é o investimento na base. O investimento grande tem de ser ali: bons profissionais, respaldo de uma boa aparelhagem, estrutura para treinamento. Isso é fundamental para fazer esse povo crescer e melhorar para representar o nosso país em todas as modalidades. A fórmula nós temos, o que precisamos é de apoio. Lógico que geograficamente estamos longe do centro do mundo (esportivo). Vemos a Europa com mais possibilidades de intercâmbio. Aqui (no Brasil) são 12 horas (de viagem), a gente sofre um pouquinho mais. E para isso nós temos de ter ajuda, ter pessoas e empresas que acreditem (no processo), como tem acontecido. E que a Lei de Incentivo continue nos dando respaldo para investirmos cada vez mais na base.