Com a onda de calor, a face mais evidente das interrupções no abastecimento de energia aparece nas cidades, como o apagão que atingiu parte do Estado nesta terça-feira. Mas o campo também sofre com falhas de eletricidade - por diferentes motivos. Os efeitos são sentidos por setores distintos e igualmente importantes. Produtores de arroz, que dependem do funcionamento dos equipamentos de irrigação para garantir os bons resultados da lavoura, vêm tendo impacto na produtividade por conta de problemas no serviço.
Os relatos eram tantos que o presidente da Federação das Associações de Arrozeiros, Henrique Dornelles, cobrou providências do Operador Nacional do Sistema Elétrico e também da Agência Estadual de Regulação dos Serviços Públicos Delegados do Estado. Nesta semana, Dornelles, que é produtor em Alegrete, tem sentido o impacto na pele, depois que a queda de postes levou à interrupção no fornecimento de eletricidade.
- Vou para o segundo dia sem energia. Isso pode comprometer toda a lavoura - contou, ontem.
Falhas no abastecimento também são motivo de preocupação para os produtores de frango. As aves são extremamente sensíveis às altas temperaturas porque enfrentam maior dificuldade em perder calor.
A falta de energia faz com que os sistemas de climatização - ventilação e exaustão - dos aviários deixem de funcionar. Os termômetros sobem tanto que, às vezes, os animais acabam morrendo. No final do mês passado, o desligamento ocasionado pela queima de um transformador levou à perda de 18 mil frangos em Marau, no norte do Estado.
Na pecuária de leite, a eletricidade tem papel importante - resfriadores dependem de energia para manter o alimento na temperatura adequada. Serviço precário pode levar a perdas no volume de produção, o que faz o agricultor perder dinheiro e o consumidor gastar mais.