O primeiro homicídio registrado neste ano em Gravataí, na Região Metropolitana, foi um dos crimes que levou a Polícia Civil a desencadear nesta terça-feira (17) nova operação contra uma facção. Quatro pessoas foram presas nesta manhã — dois homens que são apontados como executores do grupo criminoso e outros dois foram flagrados com drogas. A ofensiva é do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).
Em 8 de janeiro deste ano, um homem ingressou no bairro Bom Sucesso, em Gravataí, em uma motocicleta. Segundo a polícia, ele foi abordado por criminosos a bordo de um veículo, que se identificaram como se fossem policiais. Eles indagaram se o homem estava fazendo telentrega de drogas no local. Logo depois, dispararam pelo menos 20 vezes contra o alvo.
Em razão desse crime, a polícia cumpriu nesta manhã sete mandados de busca e apreensão durante a chamada Operação Visitatio Fatalis.
— Essa vítima, que estava fazendo telentrega de drogas na região deles, seria de outro grupo — explica o delegado Edimar Machado, que coordena a investigação.
Na mesma ofensiva, também foram alvos suspeitos de terem participado de outro homicídio, ocorrido em Gravataí. Em 31 agosto deste ano, na Rua Juca Feijó, na Vila Cledi, três criminosos executaram um homem. Neste caso, os assassinos teriam disparado 30 vezes contra a vítima. Antes de deixar o local, ainda comemoraram o crime e bradaram o nome da facção.
Durante a operação desta terça-feira, foram presos dois suspeitos de serem os executores desse crime. Um deles foi preso em Canoas e outro em Cachoeirinha. Além disso, foram feitas buscas em 10 endereços que seriam vinculados à facção. Uma pistola de calibre 9 milímetros foi apreendida com munições, além de porções de drogas.
São dois homicídios vinculados ao mesmo grupo criminoso, que tem atuação em Gravataí. Os dois casos estão relacionados a essas disputas do tráfico. Conseguimos prender os dois matadores.
EDIMAR MACHADO
Delegado responsável pela investigação
— Apesar desses casos, os homicídios seguem em queda em Gravataí, no comparativo com o ano passado, que já foi muito bom — afirma o delegado.
Segundo dados da Secretaria da Segurança Pública do Estado, de janeiro a novembro do ano passado foram registrados 23 homicídios em Gravataí — no mesmo período deste ano foram 21 assassinatos no município da Região Metropolitana, ou seja, houve redução de 8,6%.
Grupo envolvido em morte na Pecan 3
A facção alvo da operação desta manhã tem origem no bairro Bom Jesus, na zona leste de Porto Alegre, mas atualmente possui ramificações por diversos municípios do Estado. Em Gravataí, um núcleo grupo está presente em uma região da cidade — o domínio do tráfico no município é de outra facção, com origem no Vale do Sinos.
Este grupo alvo da ofensiva desta manhã, segundo a polícia, está por trás da execução de um preso na Penitenciária Estadual de Canoas (Pecan) 3. Jackson Peixoto Rodrigues, 41 anos, o Nego Jackson, foi morto a tiros de pistola dentro de uma cela da penitenciária no dia 23 de novembro. A suspeita é de que a arma tenha ingressado na prisão com uso de um drone.
Dois apenados, que estavam na mesma galeria da vítima, foram presos pelo crime: Rafael Telles da Silva, 36 anos, o Sapo, e Luis Felipe de Jesus Brum, 21 anos. Ambos integram a mesma facção criminosa, que é rival do grupo até então liderado por Nego Jackson. O assassinato do preso, segundo a polícia, foi motivado pelas disputas entre os dois grupos.
Estratégia
A ofensiva é considerada mais uma espécie de resposta ao grupo criminoso, após a morte de Nego Jackson. Entre as estratégias que vêm sendo adotadas pela Polícia Civil para tentar coibir os homicídios praticados pelo crime organizado, está a de realizar operações contra as facções diretamente envolvidas nesses crimes. Em razão disso, desde que ocorreu a morte dentro da Pecan 3, já foi realizada uma série de ofensivas.
Nesses casos, é oportuna a operação policial que se estende aos demais membros da facção criminosa, desarticulando a estrutura da organização criminosa e, por conseguinte, as ordens de execução entre membros rivais do tráfico de drogas.
MARIO SOUZA
Diretor do DHPP
Outras ações
Queda Livre
Em 29 de novembro, a chamada Operação Queda Livre prendeu 11 pessoas por suspeita de envolvimento em assassinatos ocorridos em Porto Alegre e na Região Metropolitana. Sapo é apontado como um dos mandantes de um dos crimes. Durante a operação, foram apreendidos controles de drones e também caixas do equipamento.
Lavagem de dinheiro
Um segundo inquérito da Polícia Civil foi aberto contra a facção envolvida na morte na Pecan 3. O foco da nova investigação é lavagem de dinheiro, ou seja, a forma usada pelo grupo criminoso para ocultar valores obtidos de maneira ilegal, como, por exemplo, por meio do tráfico de drogas. No centro dessa apuração está Sapo, apontado como um dos líderes da organização e também como um dos mentores da execução de Nego Jackson.
Contra o tráfico
Na última quinta-feira (12), a Polícia Civil realizou nova operação contra o tráfico de drogas e organização criminosa. O alvo é um grupo suspeito de integrar facção que seria liderada por Nego Jackson, e por Dezimar de Moura Camargo, o Tita. Os dois foram executados em novembro, sob a suspeita de execução por grupos rivais. Nove pessoas foram presas na operação do Departamento Estadual de Investigações do Narcotráfico (Denarc).