O Ministério Público Federal (MPF) instaurou um procedimento para investigar as circunstâncias envolvendo o porte e o registro das armas do homem que matou quatro pessoas — entre familiares e policiais militares — e deixou oito feridos, em Novo Hamburgo, na região metropolitana de Porto Alegre.
De acordo com o procurador da República Celso Três, da Procuradoria da República em Novo Hamburgo, a investigação procura analisar se o registro e o porte das armas do atirador seguiram todas as normas estabelecidas em relação ao mais recente decreto editado pelo Governo Federal. O objetivo é garantir que não haja falhas no cumprimento das restrições impostas, diz o procurador.
— Nós vamos verificar se, da parte da Polícia Federal e do Exército Brasileiro, todos os atos (aquisição da arma, registro da arma, eventual porte de arma e o funcionamento do clube de tiro) foram regulares e atenderam os itens das normas — declara Três.
A Polícia Federal também instaurou uma apuração administrativa para verificar a regularidade de aquisição das armas do homem.
O caso
O crime aconteceu em uma casa na Rua Adolfo Jaeger, no bairro Ouro Branco. Conforme a polícia, o homem estaria mantendo os pais em cárcere privado. O próprio pai teria ligado para a polícia denunciando maus-tratos.
O cerco no local durou nove horas, terminando na manhã de quarta (23). Logo que viu os policiais, na parte da frente do imóvel, o homem atirou contra eles.
Uma pessoa que estava fora da casa e não era policial nem familiar também chegou a ser atingida. Informações iniciais apontam que era um guarda municipal.
O atirador, identificado como Edson Fernando Crippa, de 45 anos, foi morto pela polícia ao fim do cerco. A BM encontrou quatro armas e "farta munição" na casa do suspeito, que tinha registro de colecionador, atirador desportivo e caçador (CAC). O secretário da Segurança Pública, Sandro Caron, afirmou que o assassino tinha histórico de esquizofrenia.
De acordo com o tenente-coronel Alexandro Famoso, comandante do 3º Batalhão de Polícia Militar (3º BPM) de Novo Hamburgo, houve tentativa de negociação e conversa com o atirador, incluindo contato telefônico. O homem, no entanto, só respondia com disparos, segundo o comandante.
A motivação do crime ainda é desconhecida pela polícia. Segundo as autoridades, a irmã do assassino disse aos investigadores que o homem "tinha um comportamento agressivo, especialmente contra os pais".
Tanto a casa onde estava o homem quanto imóveis vizinhos ficaram com marcas de tiros nas paredes. A perícia recolheu dezenas de cápsulas de balas disparadas, além de "pelo menos 300 munições de pistola ainda não desfagradas" dentro da residência.
Quem são os mortos
Além do assassino, outras quatro pessoas morreram:
- Eugênio Crippa, 74 anos (pai do suspeito)
- Everton Luciano Crippa, 49(irmão do suspeito)
- Rodrigo Weber Volz, 31 (policial militar)
- Everton Raniere Kirsch Junior, 31 (policial militar)
Quem são os feridos
Ao menos oito pessoas ficaram feridas:
- Cleris Crippa, 70 (mãe do atirador)
- Priscilla Martins, 41 (cunhada)
- João Paulo Farias Oliveira, 26 (policial militar)
- Joseane Muller, 38 (policial militar)
- Eduardo de Brida Geiger, 32 (policial militar)
- Leonardo Valadão Alves, 26 (policial militar)
- Felipe Costa Santos Rocha (policial militar)
- Volmir de Souza, 54 (guarda municipal)