Era próximo de 23h desta terça-feira (22) quando Claudete Boeno, moradora há 18 anos do bairro Ouro Branco, em Novo Hamburgo, ouviu os primeiros disparos. Assustada, ela acordou o marido para ajudá-la a trancar portas e janelas. Desde então, a mulher não dormiu mais.
— Foi uma verdadeira noite de terror. Você não sabe de onde vêm os tiros. Parece que estão invadindo a sua casa — relata Claudete.
Ela diz que o bairro é tranquilo de morar, apesar da proximidade com o presídio, de onde, segundo ela, eventualmente foge algum apenado, que logo é recapturado pela Brigada Militar.
Ela conta que Édson Fernando Crippa, 45 anos, que matou o pai, o irmão e um policial militar, era conhecido por todos na vizinhança, assim como o restante da família. O pai, Eugênio Crippa, 74 anos, foi motorista de ônibus. O filho era caminhoneiro.
Segundo os vizinhos, nunca houve relatos de violência sobre a família. Eles contam que, na casa, moravam o pai, a mãe, os dois filhos e a esposa do irmão do atirador. Durante a noite, eles dizem ter ouvido mais de 300 disparos.
As casas da Rua Adolfo Jaeger, próximas ao sobrado verde onde tudo aconteceu, têm marcas dos disparos nas paredes. No chão, ainda há diversas cápsulas dos projéteis disparados durante a noite.
Uma vizinha idosa, que mora há 38 anos na Rua Adolfo Jaeger, chegou em casa por volta de 23h15min. Ela conta que viu os pais do atirador em frente à casa conversando com a polícia.
— Pensamos que fosse um assalto. Foi a sorte termos chegado naquela hora, senão, nem poderíamos dormir em casa — diz a idosa, que mora com o esposo e a sogra de 91 anos.
Sobre o crime
Por volta de 23h de terça-feira (22), um casal de idosos acionou a Brigada Militar, na Rua Adolfo Jaeger, no bairro Ouro Branco, em Novo Hamburgo, no Vale do Sinos. Eles relataram ter sofrido maus-tratos do filho Édson Fernando Crippa, 45 anos, que os estaria impedindo de sair de casa.
Ao avistar os policiais chegando ao local, Crippa efetuou uma série de disparos de arma de fogo, que atingiram cerca de 10 pessoas, entre familiares, agentes da BM e da Guarda Municipal. O pai do atirador, Eugênio Crippa, 74 anos, e o policial militar Éverton Kirsch Júnior, 31 anos, foram atingidos e morreram. O soldado ingressou na BM em 2018, deixa esposa e um filho de 45 dias.
A ocorrência se estendeu por toda a madrugada. Sete policiais ficaram feridos, além de quatro familiares do atirador e um guarda municipal.
O Batalhão de Operações Especiais (Bope) da Brigada Militar auxiliou no resgate das pessoas que estavam na residência. As vítimas foram levadas para o Hospital Municipal de Novo Hamburgo.
Crippa efetuou os disparos do interior da residência. A BM montou um cerco em torno do local, que se manteve ao longo da manhã desta quarta-feira.
Por volta de 8h30min, os policiais militares entraram na casa e constataram a morte do atirador. Na sequência, foi confirmada a morte do irmão dele no hospital, Everton Crippa.
O isolamento do entorno da residência foi mantido, mas o trecho da Rua Bento Gonçalves que estava obstruído já foi liberado.