O roubo de um veículo acabou em um prejuízo de mais de R$ 100 mil em um bairro nobre de Porto Alegre. A vítima da ação foi uma mulher que trabalha com venda de joias e teve um mostruário, com peças de ouro, levado junto com seu carro. Mantida em poder dos criminosos por alguns minutos, ela também foi obrigada a fazer transferências bancárias para os assaltantes. O caso ocorreu em janeiro, praticado por dois homens, que seriam irmãos, segundo a Polícia Civil. A dupla é alvo de operação nesta quarta-feira (27), na Capital.
A ofensiva cumpre dois mandados de busca e apreensão e dois de prisão temporária contra os irmãos, apontados como autores do roubo de veículo, na Vila Cruzeiro, na zona sul da Capital, e em Canoas. O trabalho é comandado pela Delegacia de Roubo e Furtos de Veículos (DRV), que pertence ao Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic). Ambos os suspeitos foram presos.
O assalto aconteceu na noite de 24 de janeiro, uma quarta-feira, quando a vítima foi abordada em uma rua do bairro Chácara das Pedras, zona norte da Capital. O objetivo dos criminosos era o roubo do veículo, um Hyundai Creta — que foi recuperado dois dias depois.
Segundo a polícia, a investigação mostrou que a vítima foi "abordada mediante emprego de violência" e "mantida sob o poder" dos dois indivíduos, que estavam armados. Eles teriam visto que a mulher levava um mostruário de joias, com peças de ouro, que foi roubado junto com o carro. A vítima, que atua na venda dos itens para clientes específicos na região, estava trabalhando, conforme a apuração. Apenas o roubo das joias tem prejuízo avaliado em R$ 100 mil.
Criminoso deu o próprio CPF
Ainda sob poder dos assaltantes, a mulher foi obrigada a realizar transferências bancárias, em seu celular, por meio de Pix. As primeiras tentativas, no entanto, teriam dado errado. Por isso, um dos criminosos informou uma segunda chave Pix: seu próprio CPF. A quantia de R$ 1 mil foi transferida e a vítima foi liberada. O celular dela foi levado pelos criminosos, com o aplicativo do banco desbloqueado, e eles fizeram outras transferências bancárias após a ação.
A operação desta quarta-feira foi nomeada Mestres do Crime, em razão da informação pessoal repassada pelo criminoso à vítima, explica o diretor da Divisão de Investigação do Deic, delegado Eibert Moreira Neto.
— Um deles usou o próprio CPF para fazer o Pix, o que evidenciou sua participação no roubo, algo bem incomum.
A partir do CPF, foi possível identificar o proprietário da conta bancária que recebeu os valores transferidos pela vítima, que também foi autor no roubo, segundo o Deic. O fato de os dois assaltantes serem muito parecidos ajudou a esclarecer quem era o segundo envolvido, confirmando que tratava-se de dois irmãos. Ainda segundo a polícia, a dupla teria ligação com a facção que se originou na Vila Cruzeiro, na zona sul da Capital.
Conforme o Deic, os dois homens "fazem parte de uma família já conhecida das forças de segurança pública" e têm envolvimento "em uma série de crimes na Capital, dentre eles, tráfico de drogas, homicídios, roubo de veículos e roubos a residência".
Queda de indicadores
O diretor destaca que os casos de roubos de veículos tiveram redução tanto em Porto Alegre quanto no Interior ao longos dos últimos anos. Segundo o mais recente balanço divulgado pela Secretaria da Segurança Pública do Estado (SSP-RS), em fevereiro deste ano, os casos de roubo tiveram o menor número da série histórica para o mês. Foram 271 roubos desse tipo no Estado no mês passado, uma queda de 16% no comparativo com o mesmo período em 2023.
O Deic ressalta que a operação desta manhã "é reflexo de ações da DRV que visam arrefecer os roubos de veículos em locais em que se verifica maior incidência dessa modalidade de delito", uma "estratégia macro da Polícia Civil e da Brigada Militar, que direcionam recursos operacionais para essas regiões, que são avaliadas de forma permanente permitindo que os recursos sejam empregados de forma flutuante".
Denuncie
Denúncias e informações sobre crimes podem ser encaminhadas, de forma anônima, ao Deic por meio do Disque-Denúncia, no telefone 0800-510-2828.