Moradores dos bairros Chácara das Pedras e Três Figueiras, em Porto Alegre, afirmam que têm convivido com clima de insegurança, intensificado nos últimos meses por onda de depredações, arrombamentos e furtos em casas e estabelecimentos comerciais. Segundo os relatos, os fatos acontecem sobretudo nas madrugadas. Parte dos casos foi registrada por câmeras de videomonitoramento instaladas nos imóveis.
Em uma das imagens gravadas por câmera, é possível observar a forma como os crimes acontecem. É madrugada. Um homem se aproxima da fachada da loja e arremessa um objeto que se assemelha a uma pedra contra a porta de vidro. Como a abertura não cede imediatamente, ele passa a desferir pontapés até que consegue remover o obstáculo. Entra e sai carregando algo nas mãos. Toda a ação leva pouco mais de 20 segundos para acontecer.
Preocupados com a reprodução deste tipo de fato e a decorrente sensação de insegurança, os moradores se organizaram em comissão para solicitar providências.
— Realizamos uma reunião para apresentar nossas reivindicações para o secretário de Segurança Pública do município e para o comandante da Brigada Militar. Estas situações tornaram-se mais frequentes desde o início deste ano e isso tem trazido aflição. Vivemos em uma área essencialmente residencial, com alguns comércios, e que fica extremamente vulnerável nas madrugadas, pois não há pessoas nas ruas — conta um engenheiro de produção de 48 anos, representante da comissão de moradores.
Mobilizados na tentativa de atenuar a sensação de insegurança e com intuito de prestarem apoio uns aos outros, os moradores formaram grupo de WhatsApp no qual compartilham informações. Há cerca de duas semanas, em encontro comunitário, reuniram cerca de 70 pessoas e tiveram a presença de representantes da estrutura de Segurança Pública do Estado e do município.
Autoridades intensificam ações e orientam comunidade a fazer registro
Diante da mobilização da comunidade, tanto a Brigada Militar quanto a Polícia Civil definiram seus planos de atuação para prevenir e combater a ação dos criminosos. Conforme o comandante do 11º Batalhão de Polícia Militar, tenente-coronel Daniel Araújo, foi estabelecida ampliação na ronda das viaturas nos ambientes mencionados nos relatos dos moradores, principalmente nas madrugadas.
— Determinamos uma frequência maior no policiamento de praças e ruas indicadas pela comunidade como pontos críticos. Temos realizado operações de rotina nas entradas dos bairros, abordagens e identificação de pessoas em situação suspeita. Nestas ações recentes, realizamos duas prisões no bairro Três Figueiras e outras três no Chácara das Pedras, sendo uma delas de um foragido — relata Araújo.
O oficial afirma que os dois bairros são localidades onde não há volumes significativos de registros de crimes de alto potencial ofensivo, tais como homicídios e assaltos. Ele indica também que há subnotificação dos casos de depredações, arrombamentos e furtos.
— Não temos registros destes casos narrados pelos moradores. Porém, são os registros que nos auxiliam a produzir estratégias que vão resultar em qualificação da segurança para que a sensação de tranquilidade seja devolvida a esta comunidade — explica Daniel Araújo.
Para o titular da 14ª DP, delegado Leandro Cantarelli Lisardo, o registro das ocorrências é indispensável. Cantarelli também aconselha que as pessoas procurem a delegacia para que possam repassar, de forma segura e protegida, informações sobre características físicas de suspeitos e, eventualmente, identificar criminosos que constam no banco de dados da polícia.
— Por isso, registros dando conta do tipo de objetos furtados são importantes, para que a polícia possa definir suas linhas de busca pelos agentes da cadeia de crimes que circundam estes fatos que preocupam a comunidade neste momento — conclui.