Há uma semana, a Polícia Civil divulgou a apreensão de um armamento de guerra, que estaria nas mãos de uma facção no Estado. Um lançador de foguetes antitanque, capaz de derrubar aeronaves e abater veículos, foi descoberto escondido no quintal de uma casa, em Lajeado, no Vale do Taquari, que seria usada como depósito da organização criminosa. O Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) segue tentando rastrear a origem da arma.
O lança-foguetes foi encontrado durante uma operação que investigava a facção envolvida em homicídios no Estado. No esconderijo, foram apreendidos ainda um fuzil de calibre 556, também com alto poder de fogo, uma pistola e dois revólveres. A investigação trabalha neste momento para identificar a origem deste armamento e quem foram os responsáveis por armazená-lo na casa, localizada no bairro Hidráulica.
Em relação ao armamento de guerra, os primeiros contatos por meio das inteligências indicam que o armamento não seria usado pelas Forças Armadas brasileiras. Em razão disso, é necessário um rastreio internacional para obter informações mais específicas sobre a arma, como local de fabricação — já que esse modelo é produzido por mais de um país — e de onde teria saído, além de tentar desvendar como chegou às mãos dos criminosos no RS.
O armamento continua sob proteção da Polícia Civil, mas pode ser encaminhado ao Instituto-Geral de Perícias (IGP) para análises, assim como as outras armas apreendidas na mesma operação.
— É um armamento incomum, que ainda precisamos compreender como chegou até este grupo criminoso. A informação que tínhamos desde o início, de que essa arma estava num local sob influência da facção que tem berço no Vale do Sinos, se mantém bem confirmada — afirma o diretor do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), Mario Souza.
Vínculo com homicídios
Os policiais da 6ª Delegacia de Homicídios de Porto Alegre chegaram até a casa enquanto investigavam uma facção envolvida nos homicídios no Estado. A apreensão foi resultado das investigações que se iniciaram na Serra, para combater os homicídios na região. Uma equipe, que integrou o reforço policial em Caxias do Sul, conseguiu mapear um dos esconderijos onde o grupo criminoso estaria armazenando armas. A suspeita era de que esse depósito fosse um dos pontos que poderia servir de abastecimento para a facção na Serra.
Assim que conseguiram identificar o local exato, os policiais foram até o imóvel, na expectativa de encontrar armamentos. Ao chegarem, os agentes do DHPP depararam inicialmente com as outras armas, até descobrirem o lança-foguetes escondido. Os armamentos estavam em diferentes pontos. Ao abrirem um fundo falso, em uma escada de madeira, sob um vaso de plantas, encontraram os dois revólveres e a pistola. Em outra área da casa, onde estavam armazenados sacos com produtos recicláveis, os agentes descobriram o fuzil.
Já o lançador de foguetes foi encontrado no pátio do imóvel, embalado em sacos plásticos, ocultado por tábuas e uma escada, junto a um muro. Ao desembalarem, os policiais depararam com o lança-foguetes. O míssil, que é a munição disparada por meio do lançador, não foi encontrado no local. A suspeita é de que o armamento fosse empregado especialmente pelo grupo para causar intimidação nos traficantes rivais. Ninguém foi preso no local da apreensão.
— Embora não tenha sido encontrada a munição, sabemos que é um armamento que causa muito impacto. Não sabemos quais as condições técnicas em que ela se encontra, mas só a arma já causa um impacto muito forte. Assim como o fuzil, que estava pronto para uso. Claro que chama mais atenção o antitanque, mas a investigação apura o todo. O principal êxito até agora é ter estourado o depósito e retirado as armas dessa facção. Então certamente essa investigação vai continuar para poder esclarecer e apontar todos os responsáveis — afirma Souza.
O armamento
O lançador de foguetes M72 LAW, calibre 66 mm, que foi inventado na época da Guerra do Vietnã, ainda é usado em todos os conflitos modernos, inclusive nos embates Rússia X Ucrânia e Hamas x Israel. Hoje seus principais fabricantes são Estados Unidos, Noruega e Turquia. O Exército brasileiro usa uma arma similar, o AT-4. O M72 é chamado de arma anticarro — no caso, carro de combate. Usa um projétil em forma cônica na ponta, colocado pela parte de trás do lançador e com alto teor explosivo, capaz de penetrar na couraça do blindado e incinerar seus ocupantes.