O Rio Grande do Sul fechou novembro com redução em indicadores como os homicídios e os feminicídios, que são os assassinatos de mulheres em contexto de gênero. Outros crimes, como os roubos de veículos, também apresentam queda no comparativo com o mesmo período do ano passado. Os dados foram divulgados pela Secretaria da Segurança Pública (SSP) do Estado.
Em novembro, foram 123 homicídios no Estado — 32 a menos do que no mesmo período de 2022, o que representa redução de 20,6%. Um dos fatores responsáveis por puxar a queda no RS é a redução desse tipo de crime na Capital. Porto Alegre historicamente tem o maior número de casos. No mês passado, foram registrados 17 assassinatos na cidade, uma diminuição de 54% ante o mesmo período de 2022. Este é o sétimo mês consecutivo com queda, tanto na Capital quanto no Estado.
O combate às facções criminosas, que estão por trás ainda da maior parte dos homicídios registrados, é um dos pontos elencados como essencial para a diminuição dos números. Levantamento realizado neste ano pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) indicou que 80% dos assassinatos em Porto Alegre acontecem nesse contexto do crime organizado, seja por desavenças, dívidas ou disputas do tráfico.
— Em sinergia com as forças de segurança, a Polícia Civil intensificou as operações de combate ao crime organizado, enfraquecendo e desmantelando quadrilhas com atuação na Região Metropolitana e no Estado — afirma o chefe da Polícia Civil, delegado Fernando Sodré.
Comandante-geral da Brigada Militar no RS, o coronel Cláudio Feoli cita o mapeamento de crimes e o emprego de tropas especializadas, como Bope, Choque e Batalhão de Aviação da Brigada Militar, que atuam na saturação de áreas, para reforçar o combate à violência, como fatores que contribuem para a redução.
— O compromisso e a dedicação de todo o efetivo, aliados ao fortalecimento do serviço de inteligência, têm feito com que as forças policiais atuem cada vez mais de forma antecipada às ações criminosas, reduzindo os índices na Capital e no Estado — ressalta Feoli.
Queda nos feminicídios
O número de mulheres assassinadas em contexto de gênero no Estado também caiu. Em novembro, foram seis registros desse tipo de crime no RS, enquanto no mesmo período de 2022 tinham sido 10, uma diminuição de 40%.
Uma das vítimas foi Jéssica Aline de Souza Tavares dos Santos, 31 anos, que morava em Porto Alegre. O ex-companheiro confessou ter assassinado a estudante porque não aceitava o fim do relacionamento.
Jéssica foi agredida, e morreu na casa onde os dois moravam havia mais de 10 anos, que foi incendiada horas depois pelo autor. Conforme a polícia, o companheiro da vítima, que não teve a identidade divulgada, se apresentou à delegacia um dia após o crime. O feminicídio foi o único registrado em novembro na Capital, que teve queda de 50% nesse tipo de crime.
Entre as estratégias empregadas para reduzir a violência contra a mulher no Estado, está o projeto de monitoramento de agressores, por meio de tornozeleiras eletrônicas. Atualmente, segundo a SSP, 73 homens são monitorados no Estado. Há outras iniciativas, como 81 Salas das Margaridas em delegacias da Polícia Civil e a Patrulha Maria da Penha da Brigada Militar, que fiscaliza o cumprimento das medidas protetivas em mais de cem municípios.
Sem mortes violentas
Dos 497 municípios gaúchos, segundo a SSP, 251, ou seja 50,5%, não registraram, entre janeiro e novembro nenhuma morte violenta. No ano passado, de janeiro a dezembro, 235 municípios estavam nessa situação, ou seja 47,2%. O indicador foi um dos destacados pelo secretário da Segurança Pública do Estado, Sandro Caron.
— Os resultados alcançados na Capital refletem o planejamento adotado pela Secretaria da Segurança Pública, em conjunto com as forças policiais, para reduzir a violência em pontos estratégicos. Com nossa pressão operacional, estamos realizando importantes prisões e apreensões de armas e drogas, impactando diretamente o crime organizado. Ao intensificarmos as ações estratégicas e reforçarmos o policiamento, chegamos ao mês de novembro sem nenhum registro de mortes violentas em 50% das cidades gaúchas — disse Caron.
Latrocínio aumenta
Ao contrário dos demais, o latrocínio, que é roubo com morte, teve ligeiro aumento no Estado. Foram dois casos em novembro, sendo que no mesmo período do ano anterior tinha sido um. Os crimes aconteceram em Santa Vitória do Palmar e em Pelotas, ambos no sul do RS. No primeiro, segundo a SSP, um suspeito foi preso e o inquérito já foi concluído. No segundo, o caso continua em investigação.
No último fim de semana, foi registrado outro caso de latrocínio no Estado. O haitiano Jacques Thomas Laurent, 39 anos, foi morto durante um assalto em Viamão, na Região Metropolitana, na manhã do último sábado (2). O criminoso tentou roubar o celular da vítima, segundo a polícia. O técnico de enfermagem teria reagido ao assalto, e acabou sendo baleado. Um suspeito de 26 anos foi preso no mesmo dia e confessou o crime.
Roubo de veículos tem queda
Os roubos de veículos também tiveram mais um mês de redução no Estado. Foram 253 casos registrados no RS, uma diminuição de 32,7%. Desses casos, 98 deles aconteceram em Porto Alegre, que também teve diminuição de 21% no período. O roubo a transporte coletivo também diminuiu 50% no período, com 22 casos.
