Uma ofensiva policial, que ocorre desde a madrugada desta segunda-feira (11), mira combater dois grupos envolvidos em roubos de veículos registrados em diversos bairros de Porto Alegre. Conforme a Polícia Civil, os envolvidos agiam de forma agressiva durante os assaltos, e chegaram a roubar mais de um carro no mesmo dia. A maioria dos episódios ocorreu no mês de setembro. Depois dos assaltos, alguns dos investigados revendiam os automóveis para grupos criminosos, que os utilizam em outros delitos.
Na ação, que começou pouco antes das 7h, as equipes cumprem 16 ordens judiciais, sendo oito mandados de busca e apreensão e oito de prisão - entre preventivas e temporárias. Os alvos da ação são executores dos roubos, conforme as equipes. Até as 8h50min, seis pessoas haviam sido presas.
A Operação Grau conta com 62 policiais e é comandada pela Delegacia de Roubo e Furtos de Veículos (DRV), do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), da Polícia Civil.
Os grupos são investigados por diferentes roubos, a maioria cometidos em setembro. Naquele mês, a Zona Sul foi a que mais registrou casos, mas os indivíduos agiam em diversos pontos da Capital, segundo a investigação. Os alvos da operação desta segunda integram ao menos duas quadrilhas, todos envolvidas neste tipo de crime, afirma a polícia.
Em um dos casos investigados, os criminosos chegaram a roubar dois veículos em uma mesma rua, em um curto intervalo de tempo, no bairro Rubem Berta, na zona norte de Porto Alegre. Em outra ação, registrada em 12 de setembro no bairro Anchieta, foi roubado um veículo suspeito de ter sido utilizado, cinco dias depois, em um homicídio ocorrido em Canoas.
Dos alvos da ação, alguns eram especializados em roubar motocicletas. Segundo a investigação, eles chegaram a roubar três motos no período de dois dias, entre 23 e 24 de setembro. Uma câmera de segurança flagrou um desses casos, em que um casal é abordado e tem a moto levada. Nas imagens, é possível ver dois homens cometendo o assalto. Um deles ainda revista uma das vítimas, antes de fugir do local. Nesse caso, eles revendiam os veículos em redes sociais, e muitos acabam sofrendo desmanche de peças.
Criminosos revendem para facções
Conforme a delegada Caroline Jacobs, titular da DRV, nenhum dos investigados são integrantes de facções. No entanto, alguns dos alvos efetuavam o roubo dos veículos e os revendem aos grupos ligados ao crime organizado, segundo a investigação. Antes de os veículos serem recolocados para uso, são clonados. Em um dos casos, registrada em 12 de setembro no bairro Anchieta, foi roubado um veículo suspeito de ter sido utilizado, cinco dias depois, em um homicídio ocorrido em Canoas.
— Na grande maioria dos casos, não temos um mandante. Os carros são roubados, vendidos e depois utilizados até em homicídios. Alguns são vendidos após serem clonados. Na delegacia, a investigação tem início em seguida que temos a notícia do roubo. Buscamos informações e testemunhas e utilizamos sistemas e programas que nos ajudam muito nas diligências.
Segundo a delegada, os indivíduos costumam agir com violência nos assaltos, realizados a mão armada.
— São sempre bem agressivos com as vítimas. Os investigados não têm um padrão ou preferência, variam muito o modelo de veículo que roubavam.
Crime em queda
Ao longo do ano, os casos de roubo de veículo tiveram queda no RS. No último balanço divulgado pelo governo do Estado, o mês de novembro teve 253 casos registrados, uma diminuição de 32,7% em relação ao mesmo período em 2022, que somou 376 delitos.
Dos 253 casos no mês passado, 98 aconteceram em Porto Alegre, que também teve diminuição de 21% no período - indo de 124 para 98.
Diretora do Deic, a delegada Vanessa Pitrez afirma que a baixa foi possível graças ao trabalho de investigação desenvolvido pelas equipes, além da responsabilização de autores dos assaltos.
— Ao longo deste ano, a DRV se dedicou a identificar grupos criminosos que atuavam no roubo de veículos por meio de critérios de semelhança entre os fatos. Assim, foram investigadas e responsabilizadas diversas associações criminosas de acordo com o tipo de roubo que praticavam, como a quadrilha especializada em roubos de carros de luxo e a outra que clonava veículos para revenda. Na mesma linha a operação desta segunda mira um grupo especializado em roubo de motocicletas e outro que só atuava no mesmo bairro, chegando a roubar carros na mesma rua. Essa estratégia nos permitiu indiciar todos os autores destes diferentes grupos criminosos, o que já elevou em 25% a taxa de elucidação dos roubos de veículos na Capital este ano.
Chefe de polícia, o delegado Fernando Sodré avalia que uma série de medidas foram adotadas no intuito de reduzir os roubos de veículos, como ações integradas, uso de inteligência, mapeamento dos casos e saturação dos locais de risco, com barreiras e abordagens.
— A investigação qualificada, bem como as constantes operações policiais realizadas pela DRV, tem sido primordial para recrudescer a queda deste indicador de criminalidade. Esse trabalho, que já levou à prisão de mais de 60 indivíduos nos últimos meses, também é desenvolvido junto a Brigada Militar e o IGP, um esforço fundamental para obter esses resultados positivos.
Sodré afirma ainda que a Polícia Civil vem fazendo uma "sensibilização junto à prefeitura acerca da importância do cercamento eletrônico" e destaca que a Capital "vive um cenário histórico de redução dos roubos de veículos".