Dois pais de vítimas do incêndio na Boate Kiss e também integrantes da Associação de Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria (AVTSM) chegaram na terça-feira (4) a Brasília. Flávio Silva e Paulo Carvalho não têm data para voltar da capital federal. O objetivo é fazer uma vigília em frente ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) e ao Supremo Tribunal Federal (STF) pedindo agilidade no julgamento de recurso do Ministério Público contra a anulação do júri que condenou, em dezembro de 2021, os quatro réus pela morte das 242 vítimas e mais de 600 feridos. Mais familiares devem chegar na próxima semana.
Para ajudar nos custos para permanência dos pais em Brasília, uma vaquinha online está em andamento desde o início de março para arrecadar recursos. A meta é de R$ 200 mil, já que o desejo é que um grupo com 25 familiares participe da vigília. Até o momento, pouco mais de R$ 27,7 mil foram doados por 226 pessoas. O valor é para custeio de transporte, alimentação e estadia.
O Ministério Público Estadual recorreu da decisão e questiona a anulação do júri. Em fevereiro, o Tribunal de Justiça do Estado informou que a 2ª Vice-Presidência do órgão admitiu os recursos especial e extraordinário interpostos pelo MP-RS. Depois de apreciado no STJ, o recurso que questiona a anulação deve ir para a última instância do Poder Judiciário, o STF.
O júri que condenou os quatro réus do caso ocorreu em dezembro de 2021, em Porto Alegre. Com duração de 10 dias, é considerado o julgamento mais longo da história do Judiciário gaúcho. Meses depois, em agosto, o TJ-RS decidiu anular o júri, e os desembargadores da 1ª Câmara Criminal decidiram por submeter os réus a novo julgamento. Por 2 votos a 1, eles entenderam por acatar nulidades alegadas pelas defesas.
Quatro pessoas foram a júri pela tragédia: Elissandro Callegaro Spohr, o Kiko, sócio da Kiss, que havia sido condenado a 22 anos e seis meses de prisão em regime fechado; Mauro Hoffmann, também sócio da Kiss, tinha sido condenado a pena de 19 anos e seis meses de prisão; além do vocalista da banda Gurizada Fandangueira, Marcelo de Jesus dos Santos, que foi sentenciado a 18 anos; mesma pena de Luciano Bonilha Leão, produtor de palco da banda.