O ex-presidente Jair Bolsonaro chegou por volta das 14h30min desta quarta-feira (5) à sede da Polícia Federal, na região central de Brasília, onde será ouvido sobre os três pacotes de joias dados de presente pelo governo da Arábia Saudita em viagens oficiais ao Exterior e trazidas ao Brasil.
A Polícia Federal reforçou a segurança em torno do prédio para onde foi marcado o depoimento e isolou o estacionamento público no local. Além de Bolsonaro, prestarão depoimento nesta quarta, de forma simultânea, o tenente-coronel Mauro Cid, que era ajudante do antigo chefe do Executivo, e outras oito pessoas, entre elas, o ex-assessor especial Marcelo Camara e o ex-chefe da Receita Federal Julio Cesar Vieira.
A expectativa é de que Mauro Cid diga às autoridades que foi Bolsonaro quem ordenou, na última semana do ano passado, que ele tomasse as medidas necessárias para reaver o conjunto de diamantes apreendido pela Receita Federal, em Guarulhos. O jornal Estadão apurou que Cid tem reafirmado estes fatos a interlocutores e que o relato foi repassado ao advogado que o tenente-coronel contratou para defendê-lo no caso. A argumentação do militar é de que não haveria, inclusive, outra forma desta determinação ter chegado a ele, senão pelo próprio presidente.
Relembre o caso
No dia 3 de março, foi revelado que uma comitiva do então presidente Jair Bolsonaro, liderada por um ministro, tentou ingressar no Brasil, em outubro de 2021, com um conjunto de joias avaliado em cerca de R$ 16,5 milhões, que seriam um presente do governo da Arábia Saudita para o ex-presidente e a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro.
A Receita Federal apreendeu os objetos no aeroporto de Guarulhos, pois os itens precisavam ser declarados ao ingressar no Brasil e não poderiam ser considerados itens pessoais, caso contrário, deveria ser pago imposto de importação. Sem esclarecer a destinação, até os últimos dias de seu governo, Bolsonaro tentou reaver as joias, sem sucesso. O pacote apreendido continha um conjunto com colar, anel, relógio e um par de brincos de diamantes avaliados em R$ 16,5 milhões. As joias são da marca suíça Chopard.
Quando ainda estava nos Estados Unidos, Bolsonaro reclamou que estava sendo acusado por um presente que nem tinha chegado a ele.
— Me acusam por um presente que não recebi, nem a primeira-dama — declarou, em 4 de março, alegando ainda que não tinha usado a estrutura da Força Aérea Brasileira (FAB) para ir a buscar as joias em Guarulhos:
— Não mandei nenhum avião da FAB. Para de maldade. Nunca abusei de autoridade com ninguém.
Além disso, um segundo pacote também foi trazido ao Brasil e recebido no Palácio da Alvorada, contendo um relógio, uma caneta, abotoaduras, um anel e um masbaha (peça semelhante a um rosário, mas muçulmano) da marca suíça de diamantes Chopard, que foram trazidos ao país por uma comitiva do Ministério de Minas e Energia, em outubro de 2021, no retorno de um evento no país do Oriente Médio.
Um terceiro kit de joias, que inclui um relógio Rolex de ouro branco cravejado de diamantes, foi devolvido pela defesa do ex-presidente no início da tarde de terça-feira (4). Ao terminar o mandato em 2022, Bolsonaro levou consigo esse terceirto pacote com valor estimado em mais de R$ 500 mil. Compõe ainda esse conjunto uma caneta da marca Chopard prateada, com pedras encrustadas, um par de abotoaduras em ouro branco, com um brilhante cravejado no centro e outros diamantes ao redor, um anel em ouro branco com um diamante no centro e outros em forma de “baguette” ao redor, uma “masbaha” de ouro branco com pingentes cravejados em brilhantes.