O governo Jair Bolsonaro tentou trazer para o Brasil de forma ilegal, em outubro de 2021, um conjunto com colar, anel, relógio e um par de brincos de diamantes avaliados em R$ 16,5 milhões. Segundo o jornal O Estado de S. Paulo, as joias da marca Chopard seriam um presente do governo da Arábia Saudita para o ex-presidente e a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro. A reportagem relata que estavam na mochila de um ex-assessor de Bolsonaro e foram apreendidas no aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, no retorno de uma missão oficial do então presidente.
Ainda conforme a apuração do jornal, o ex-ministro de Minas e Energia Bento Albuquerque, que integrava a comitiva, teria retornado para a alfândega ao saber da apreensão das joias. Albuquerque teria tentado usar o cargo para liberar os diamantes, dizendo aos fiscais que o conjunto de diamantes eram um presente do governo saudita para Michelle. A informação foi confirmada pelo ex-ministro ao Estadão.
Apesar do esforço, a Receita Federal manteve a apreensão. Qualquer item que ultrapasse o valor de US$ 1 mil precisa ser declarado ao ingressar no Brasil. Para retirar o bem, seria preciso pagar o imposto de importação equivale a 50% do valor do produto, além de multa de 25% pela tentativa frustrada de entrar no país sem declarar as joias. No caso, a retirada formal dos itens custaria cerca de R$ 12,3 milhões.
De acordo com o Estadão, o governo Bolsonaro fez quatro tentativas para recuparar as joias apreendidas — todas fracassadas. A mais recente teria ocorrido em 29 de dezembro, nos últimos dias da gestão passada, quando um funcionário do governo, identificado como "Jairo", teria ido até Guarulhos com avião da Força Aérea Brasileira (FAB). No aeroporto, ele teria informado que estava lá para retirar o presente, mas não conseguiu a liberação.
Um dia antes, em 28 de dezembro, o próprio Bolsonaro enviou um ofício à Receita Federal solicitando que os bens fossem destinados à Presidência da República.
O governo poderia receber as joias caso fossem reconhecidas como presente oficial para o presidente e a primeira-dama, mas, neste caso, ficariam para o Estado brasileiro após o término da gestão Bolsonaro.
Em postagem no stories do Instagram, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro negou que seja dona das joias.
"Quer dizer que eu tenho tudo isso e não estava sabendo? Meu Deus! Vocês vão longe mesmo hein? Estoi rindo da falta e cabimento dessa imprensa vexatória", postou.