A Polícia Civil indiciou 13 pessoas pela morte de um homem, ocorrida em 24 de agosto, em Porto Alegre. A vítima foi decapitada e teve a cabeça deixada na Vila Cruzeiro, Zona Sul. A conclusão da investigação foi divulgada nesta terça-feira (8), pelo Departamento de Homicídios da Capital.
Entre os indiciados pela morte de Zambi Rodrigues Barros, 29 anos, segundo a polícia, estão suspeitos de serem mandantes e executores. Dez deles estão presos. Três seguem foragidos: Marcelo Mattos da Rocha, Eduardo Cheirann Teixeira Rodrigues e Paulo Renato Silva da Silva.
Mais cinco suspeitos, apontados como executores, estão em prisões: Everton da Silva Anjos, o Zoio; Cristian Nogueira da Silva, o Titi; Delson Delmar Vieira da Silva; Roger Figueira Fogaça; e Wilson Batista de Souza.
Cinco suspeitos de terem ordenado o assassinato, já recolhidos no sistema prisional gaúcho, foram transferidos. São eles: Rodrigo Flores Luzardo; Robson Juliano Benedik; Tiago Santos Barbosa; Franklin Felipe Morosini do Amaral; e Fabiano Barbosa dos Santos, conhecido como "Garotinho".
Outros dois envolvidos na guerra de facções registrada na Região Metropolitana desde agosto também foram transferidos, a partir da investigação deste homicídio.
— Como uma das medidas para conter estes crimes é a transferência de apenados, realizamos ontem (segunda-feira) a remoção de sete deles, sendo cinco deles ligados diretamente à morte da vítima que foi decapitada — afirma o diretor da Divisão de Homicídios, delegado Eibert Neto.
Neto conta que os sete estavam em duas casas prisionais e foram transferidas para uma outra em que há maior segurança, principalmente em relação ao uso de celulares. Ele preferiu não revelar os presídios em questão, mas GZH apurou que os criminosos estavam no Presídio Central e na Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas (Pasc) e foram encaminhados para a Penitenciária de Canoas.
Guerra de facções
O diretor da Divisão de Homicídios diz que a investigação da morte de Zambi confirmou que o crime tem relação com a guerra de facções na Região Metropolitana — que teve a primeira onda de violência em março e abril e a segunda com intensificação a partir de agosto. Duas organizações criminosas, uma da Vila Cruzeiro e outra que tem base no Vale do Sinos, trocaram ataques.
— Mais precisamente por ele estar ligado à perda de um dos acessos que uma das facções perdeu, no caso, a do Vale do Sinos, nas proximidades do posto de saúde da Cruzeiro — diz Neto.
O delegado Newton Martins de Souza Filho, da 6ª Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), relata que Zambi foi sequestrado, na casa dele, por integrantes de um dos grupos criminosos.
Zambi teve a cabeça localizada por uma pessoa dentro de um saco de lixo na Rua Cruzeiro do Sul, no bairro Santa Tereza, na Grande Cruzeiro. O corpo foi encontrado um dia depois dentro de um carro carbonizado, no bairro Belém Velho, também na zona sul. Mas a identificação, que necessitou de trabalho pericial, ocorreu somente em setembro.
Carros levaram aos suspeitos
O delegado Eibert Neto conta que os suspeitos só foram identificados após o cercamento eletrônico de Porto Alegre detectar a placa do carro usado no crime. Dias antes, o mesmo veículo, um HB20 de cor escura, roubado, foi usado no assassinato de um morador de rua da região.
Conforme o delegado Eibert Neto, os integrantes das facções usam um mesmo carro para cometer vários crimes em um determinado período de tempo. Depois disso, descartam o automóvel e buscam outro. Ainda segundo Neto, dias depois, o mesmo grupo envolvido na morte de Barros usou um Onix prata para cometer outros crimes, incluindo homicídios, na Capital.
— Os carros foram de suma importância para investigação, pois com as imagens e com material coletado nos veículos, foi possível confirmar a participação dos criminosos neste crime e em outros casos registrados no período — explica Newton Martins de Souza Filho, da 6ª DHPP.
Os sete transferidos estariam envolvidos na segunda-feira, segundo a polícia, em pelo menos nove homicídios durante o conflito. Um deles também é investigado pelo ataque a tiros que deixou três mortos e mais de 20 feridos no bairro Campo Novo, no início de setembro. A polícia afirmou que já fez 114 prisões desde agosto, de suspeitos relacionados ao conflito.
— É esta a resposta que a Polícia Civil tem dado a sociedade, garantindo que estas mortes violentas não passarão impunes e que todos os envolvidos serão duramente responsabilizados — destacou a diretora do Departamento de Homicídios, Vanessa Pitrez.