Um dos suspeitos de envolvimento na morte de um homem foi preso preventivamente em Porto Alegre. O caso aconteceu no dia 24, quando a cabeça da vítima foi deixada dentro de um saco de lixo na Vila Cruzeiro, e teria ligação com a nova onda de conflitos entre duas facções que atuam no Estado.
O homem preso, que não teve o nome divulgado, foi localizado na última quinta-feira (1º), enquanto trafegava em um veículo no bairro Azenha. A prisão aconteceu em uma ação para apreender o veículo. De acordo com a polícia, o carro havia sido usado em um ataque no dia anterior, na Avenida Teresina, no bairro Medianeira, que deixou um homem morto — a identidade dele não foi divulgada.
Neste veículo, além do suspeito de envolvimento no caso do decapitado, estavam também outros três homens. Eles teriam participação no ataque no Medianeira e também foram presos.
De acordo com o diretor da Divisão de Homicídios da Capital, delegado Eibert Moreira, o grupo estaria se deslocando para realizar outro ataque.
— Esse suspeito de participar da decapitação já havia sido identificado pelas equipes e também já tínhamos representado pela prisão dele. O indivíduo acabou sendo localizado e preso nessa abordagem ao carro na Azenha. Ele e os outros três homens que estavam a bordo afirmaram que se dirigiam até o beco do Guaranha, onde fariam mais um ataque, que foi frustrado — explica Eibert.
Dias depois, na noite de sábado (3), a ação, inicialmente frustrada, foi concretizada por outros criminosos. Um jovem de 25 anos foi morto a tiros e um adolescente ficou ferido na Avenida Luiz Guaranha, entre os bairros Cidade Baixa e Menino Deus.
Tanto a ação que decapitou um homem quanto a realizada no beco do Guaranha teriam sido ordenadas pelo grupo criminoso originado no Vale do Sinos. O alvo dos ataques é uma facção rival — nascida na Vila Cruzeiro e atuante na zona sul da Capital — , que também tem revidado.
A disputa entre os grupos começou em março, em razão de uma dívida entre eles. O conflito foi sufocado após medidas tomadas pelas forças de segurança do Estado, como a transferências de presos. A guerra, no entanto, reacendeu nos últimos meses.
Conforme Eibert, entre os motivos para a escalada de retaliações estão o assassinato de uma liderança do grupo da Cruzeiro em 21 de junho. Pouco depois, em julho, a facção do Vale do Sinos foi expulsa pelo grupo rival do único ponto de tráfico que controlava dentro da Vila Cruzeiro. Assim, a facção da Zona Sul assumiu o comando do Acesso 5 da Cruzeiro.
— A polícia trabalha na identificação das lideranças dos grupos que estão por trás dos ataques. Se verificarmos que elas estão ordenando as ações de dentro da prisão, certamente uma das medidas será a transferências desses presos, como ocorreu em março, para que sejam isolados e percam essa comunicação com as ruas.
O homem decapitado no fim de agosto ainda deve ter a identidade revelada pela perícia, mas a principal hipótese das equipes é que ele teria ligação com o grupo criminoso da Cruzeiro.