O homem que foi decapitado e teve a cabeça deixada em uma rua da Vila Cruzeiro, na zona sul de Porto Alegre, foi identificado pela perícia nesta terça-feira (6). Trata-se de Zambi Rodrigues Barros, 29 anos.
O caso aconteceu no dia 24 de agosto, quando a cabeça da vítima foi deixada dentro de um saco de lixo na Rua Cruzeiro do Sul, no bairro Santa Tereza. Ela foi jogada no local por indivíduos que passaram de carro pela via, por volta das 6h30min. Cerca de meia hora depois, um catador de lixo encontrou o saco plástico e acionou a polícia, que passou a investigar o caso.
Conforme a Polícia Civil, o homem atuava junto ao tráfico de drogas na região e tinha ligação com o grupo criminoso que nasceu na Vila Cruzeiro e atua na zona sul da Capital. Zambi havia sido arrebatado de dentro de casa, no bairro Cavalhada, horas antes do crime. Segundo informações apuradas pela reportagem, o homem é natural de Porto Alegre e seria filho de um policial civil, que já faleceu.
A investigação indica que o homicídio de Zambi teria sido cometido por uma facção rival, originada no Vale do Sinos, em mais um episódio da guerra entre as facções registrada na cidade.
— A ação foi um recado de uma facção para a outra. O homem tem relação com o grupo atuante na Vila Cruzeiro, e a motivação para a morte seria o conflito entre esse grupo e o do Vale do Sinos — explica o delegado delegado Eibert Moreira Neto, titular da Divisão de Homicídios da Capital.
A nova guerra entre as facções reacendeu em junho e ocorre, segundo a investigação, em razão do assassinato de uma liderança do grupo criminoso da Zona Sul e da expulsão da facção do Vale do Sinos do único ponto de tráfico que controlava dentro da Vila Cruzeiro. Assim, a facção nascida em Porto Alegre assumiu o comando do Acesso 5 da Cruzeiro.
Horas após a localização da cabeça, um corpo foi encontrado decapitado dentro de um veículo incendiado no bairro Belém Velho, também na Zona Sul, na madrugada de quinta-feira (25). A perícia também confirmou que ambas as partes são da mesma vítima.
Um dos suspeitos de envolvimento na morte de Zambi foi preso preventivamente na última quinta-feira (1º), enquanto trafegava em um veículo no bairro Azenha — ele não teve o nome divulgado. A prisão aconteceu em uma ação que visava apreender o veículo, que teria sido usado em um ataque na Avenida Teresina, no bairro Medianeira, que deixou outro homem morto no dia 31 de agosto. No carro, ainda estavam outros três homens, que também foram presos.
Demonstração de poder
O delegado Gabriel Casanova Dantas, que atendeu a ocorrência, a definiu como "atípica". A violência da ação, para ele, indica uma tentativa de demonstração de poder de uma facção para a outra.
— É uma ocorrência de violência acima do normal. A gente sabe que a região da Vila Cruzeiro é conflagrada, um local que registra diversos conflitos. A cabeça foi deixada em uma das principais avenidas dali, bastante movimentada, então causa um choque nas pessoas. Quando há esse tipo de violência a ponto de decapitarem uma pessoa, o intuito é justamente mostrar poder, provocar temor sobre outra facção. Isso ocorre geralmente em ações que envolvem grupos que atuam no tráfico de drogas — disse Dantas na ocasião.
O inquérito da polícia segue em andamento, e investiga outros indivíduos que tenham envolvimento na morte de Zambi e mais detalhes sobre o homicídio.