A Polícia Civil aguarda para a próxima semana os resultados de análises que estão sendo feitas pelo Instituto-Geral de Perícias (IGP) na investigação sobre a morte do jovem Gabriel Marques Cavalheiro, 18 anos.
Além da necropsia, que indicará de que forma ele morreu - se por afogamento, asfixia ou em decorrência de lesões, por exemplo -, é considerado de extrema importância o laudo do levantamento feito por peritos no local de encontro do corpo, na localidade Lava Pé.
É um trabalho semelhante ao que peritos fazem em cenas de crime, quando buscam e analisam vestígios que tenham sido produzidos pela ação criminosa. Conforme o delegado de São Gabriel, José Soares Bastos, esta análise é importante porque pode revelar elementos que vão ser inseridos no contexto da investigação e confrontados com os depoimentos dos três policiais militares investigados.
A polícia também tem expectativa de fazer essa semana a reprodução simulada dos fatos.
Ao serem ouvidos pela BM e pela Polícia Civil, os PMs alegaram ter deixado Gabriel com vida na localidade Lava Pé, que fica distante dois quilômetros de onde ocorreu a abordagem. O IGP também periciou quatro viaturas da BM - todas que estavam em serviço no período entre a abordagem a Gabriel e o sumiço do jovem. O objetivo é a verificação da presença de material biológico - como sangue, por exemplo - que possa ser do jovem. Da mesma forma, foi periciado o veículo pessoal de um dos PMs investigados, que foi apreendido pela polícia.
A jaqueta encontrada nas proximidades do açude também está na perícia para confirmação de que era de Gabriel. Isso é feito a partir da análise de material biológico. De qualquer forma, depois da apreensão, familiares reconheceram o vestuário como pertencente ao jovem.
Já os dados dos telefones celulares dos investigados e de Gabriel estão sendo verificados diretamente pela polícia. O telefone dele foi apreendido na casa do tio-avô com o qual ele estava morando. Até o momento, as informações não indicam que ele tivesse qualquer contato com pessoas da casa em que tentou entrar antes de ser abordado pela BM. Essa foi uma versão que surgiu logo depois do sumiço, de que ele fora até aquele imóvel porque teria marcado encontro com uma jovem.
Foi o portão desta casa que ele forçou, motivando o chamado que a moradora fez para a BM. O material dos aparelhos dos policiais militares foi passado pela BM à polícia e segue em estudo.
Relatos de testemunhas indicam que Gabriel foi agredido com um tapa e três golpes de cassetete na cabeça ou na região do pescoço. Estaria "desacordado" quando foi levantado do chão, algemado e colocado na viatura. Uma semana depois, o corpo foi achado em um açude na localidade Lava Pé.
N sexta-feira (26), a cúpula da Segurança Pública divulgou que perícias indicaram que o corpo de Gabriel estava havia pelo menos cinco dias na água. A direção do IGP também revelou que sangue e urina coletados apontaram teor alcoólico de 23,4 decigramas por litro no corpo de Gabriel, o que é considerado um valor alto. Mas, segundo o IGP, o valor alto pode ser resultado da decomposição do corpo.