O Comando-Geral da Brigada Militar determinou que a investigação sobre a abordagem que resultou na morte da costureira Dorildes Laurindo, 56 anos, e nos ferimentos ao turista angolano Gilberto Casta Almeida, 26, não seja mais feita pelo batalhão de Gravataí. Agora, quem investigará será a Corregedoria-Geral, em Porto Alegre.
Na prática, a medida afasta a apuração dos investigados. No Batalhão de Gravataí (17º BPM), quem apurava era um oficial que trabalha no mesmo local que os três policiais investigados. Já na corregedoria, será por um agente com maior distanciamento dos fatos.
Em nota enviada à imprensa, o comando da corporação disse que o objetivo é "garantir a maior isenção possível na apuração". Também informou que "após a conclusão do IPM, a Brigada Militar irá comunicar as circunstâncias da ação policial e quais os seus desdobramentos".
O movimento do Comando-Geral é adotado um dia depois de GaúchaZH revelar que um dos três agentes envolvidos na abordagem já havia sido condenado por agressões e respondia a outros dois processos na Justiça Militar. O soldado Regis Souza de Moura, 35, recorre em liberdade à pena de sete meses de prisão. A informação sobre as ocorrências passadas do PM jamais havia sido informada pela corporação, mesmo com os questionamentos da imprensa.
Autora das três denúncias contra o policial, a promotora de justiça militar Isabel Guarise Barrios entende que o agente está se "destacando pela violência" no batalhão de Gravataí.
A abordagem
Na quarta-feira (3), o Ministério Público informou que, até o momento, não há provas materiais de que policiais militares foram recebidos a tiros na ocorrência que resultou na morte da costureira Dorildes Laurindo, 56 anos, e nos ferimentos a balas no angolano Gilberto Casta Almeida, 26. A ação policial ocorreu em 17 de maio, em Gravataí, na Região Metropolitana.
A versão de que tiros foram disparados contra a guarnição da Brigada Militar (BM) foi apresentada para justificar os 35 disparos dos PMs contra o carro em que as duas vítimas estavam, de carona através do aplicativo BlaBlaCar, após o motorista fugir - quem dirigia era Luiz Carlos Pail Junior, um foragido por feminicídio que não teria respeitado a ordem da abordagem dos policiais. Luiz Carlos foi preso.
Em nota, a BlaBlaCar disse que 'lamenta profundamente o ocorrido e reforça o compromisso com a criação de um ambiente de viagem seguro e confiável para os mais de 5 milhões de usuários da plataforma no País".
Confira a nota da BM na íntegra:
"O Comando-geral da Brigada Militar comunica que, para garantir a maior isenção possível na apuração, determinou que o Inquérito Policial Militar sobre o caso da ocorrência de Gravataí seja conduzido pela Corregedoria-geral da BM. Após a conclusão do IPM, a Brigada Militar irá comunicar as circunstâncias da ação policial e quais os seus desdobramentos."