A semana começou com atendimento alterado nas delegacias de Porto Alegre e da Região Metropolitana devido à paralisação da Polícia Civil em protesto ao pacote do governador Eduardo Leite que altera as carreiras dos servidores. Na manhã desta segunda-feira (16), a reportagem visitou quatro DPs que abrem 24 horas em Porto Alegre, Canoas e São Leopoldo. Todas estavam aderindo à orientação do Sindicato dos escrivães, inspetores e investigadores (Ugeirm) de registrarem apenas ocorrências graves.
Na Capital, a 2ª Delegacia de Polícia de Pronto-Atendimento (DPPA), no Palácio da Polícia, e a 3ª DPPA, no bairro Navegantes, estavam completamente vazias no começo da manhã. Os servidores que conversaram com GaúchaZH disseram que apenas flagrantes e casos graves como homicídios, latrocínios, estupros, ocorrências envolvendo crianças e adolescentes e Lei Maria da Penha estavam sendo atendidos.
O mesmo cenário foi encontrado na Central de Polícia de Canoas, no bairro Moinhos de Vento. Quem procurou a DPPA de São Leopoldo, no bairro Vicentina, também foi orientado a fazer registro pela delegacia online. O aposentado Ronaldo Schumann, 52 anos, que foi à DP para registrar a perda do Documento Único de Transferência (DUT) ouviu que deveria fazer o registro em um totem da delegacia online localizado na recepção da DPPA.
— Não sabia da greve, por isso procurei a delegacia. Mas registrar na delegacia online e foi bem simples — afirma.
O presidente do Ugeirm, Isaac Ortiz, afirma que a segunda-feira marcou o início da mobilização. Ortiz conta que a paralisação está afetando, principalmente, os serviços de cartório, cumprimento de mandados, operações policiais e investigações de crimes. Segundo ele, o movimento vai se intensificar nesta terça-feira (17) na Praça da Matriz, em frente à Assembleia, quando o pacote deve começar a ser votado pelos deputados.
— Vamos receber muitos policiais do Interior, e amanhã (terça-feira) o foco é a Praça da Matriz. O pessoal está muito indignado. A revolta está muito grande. Muitos pontos do pacote trarão diminuição real do nosso salário — afirma.
Segundo ele, a categoria está mobilizada a fim de conseguir mais tempo para avaliar ponto a ponto do pacote proposto pelo governador Eduardo Leite.
— Queremos entender e opinar sobre o pacote. Se for votado esta semana, muitos deputados vão avaliar às cegas, sem saber o que estão votando.
A chefe da Polícia Civil, delegada Nadine Anflor, afirma que não há orientação de restrição de atendimento à população:
— A chefia está aberta a dialogar. Sabemos que essa será uma semana difícil, de votação dos projetos, mas todos os serviços seguem normais. Vamos conversar o quanto for necessário para garantir a tranquilidade.
Como registrar ocorrência na delegacia online
Por meio do site www.delegaciaonline.rs.gov.br é possível registrar fatos sem a necessidade de deslocar-se até uma Delegacia de Polícia. Ao fazer o registro, o usuário recebe, em até duas horas, acesso ao boletim de ocorrência, com a mesma validade do documento que seria entregue presencialmente em uma DP. A ferramenta está disponível 24 horas por dia e de qualquer lugar, basta ter acesso à internet.
O que pode ser registrado?
Perda de objetos e documentos, acidente de trânsito sem feridos, furto, ofensas, maus-tratos contra animais, perturbação, localização de objetos ou documentos, danos, abigeato, ameaça, desaparecimento de pessoas, violação de domicílio, danos causados por fenômenos da natureza.
O que ocorre após o registro?
O cidadão receberá um e-mail, no endereço eletrônico informado à polícia, no qual será confirmado se a ocorrência foi deferida ou indeferida. O indeferimento poderá ocorrer por falhas no preenchimento ou por relatos, no histórico da ocorrência, de fatos que não estão disponíveis para registro no site. Sendo deferida, a pessoa poderá acessar o site da Delegacia Online, informar o seu número de protocolo e imprimir o boletim de ocorrência oficial com autenticação digital.
Ocorrências graves podem ser registradas pela delegacia online?
Não. Crimes graves como homicídios, latrocínio, estupros, crimes contra mulher, idoso, crianças e adolescentes só podem ser registrados nas delegacias físicas.