Política pública usada como ferramenta para redução de furto e roubo de veículos, a Operação Desmanche atingiu a marca de 7 mil toneladas de sucatas ilegais apreendidas pela força-tarefa. Iniciada em fevereiro de 2016, a ofensiva tem atuado no combate ao comércio ilegal de peças automotivas. O montante é alcançado ao mesmo tempo em que o Rio Grande do Sul atinge uma redução de quase 6 mil veículos roubados e furtados comparando os períodos de janeiro a outubro de 2018 com 2019, segundo o diretor do Departamento de Inteligência de Segurança Pública, Emerson Wendt. Os dados oficiais serão divulgados nos próximos dias pela Secretaria da Segurança Pública (SSP).
— A Operação Desmanche tem total vinculação com a queda de roubo e furto de veículos, embora não seja só isso. São as investigações, a BM na rua. É um conjunto de políticas de segurança. Essa é uma medida que auxilia bastante e trabalha no aspecto relacionado à compra e à venda de produtos que têm origem duvidosa — afirma o delegado.
A ofensiva, que envolve esforço conjunto de Polícia Civil, Brigada Militar, Instituto-Geral de Perícias (IGP) e Detran, passou por 50 municípios em 88 edições. Foram 132 estabelecimentos interditados no período e, segundo Wendt, nenhum deles voltou à atividade. Já os seus proprietários estão impedidos de abrir negócios desse ramo por um período de cinco anos. Em três anos e oito meses de operação, foram presas 70 pessoas.
O material apreendido é vendido para empresas registradas para receber a sucata da Operação Desmanche, entre as quais está a siderúrgica Gerdau. A venda das apreensões já rendeu R$ 885 mil em retorno ao Estado. O modelo de operação feito no Rio Grande do Sul tem atraído estados como Goiás e Santa Catarina, que já demonstraram interesse em replicar a iniciativa.
O diretor-geral do Detran, Ênio Bacci, destacou que o órgão também atua na fiscalização dos desmanches legalizados, quando há peças sem procedências. Há poucos dias, segundo ele, em um desmanche credenciado de Estrela, foram identificados diversos veículos roubados. Neste caso, o crime é identificado pelo Detran e a polícia é acionada. No entendimento de Bacci, a ofensiva só deu certo porque existe a integração dos órgãos:
— Não havendo mercado, não se busca o carro furtado ou roubado. Esse crime só existe e cresce se houver alguém que recebe e desmancha o veículo. O enfrentamento ao desmanche é primordial. Com o tempo, não se terá mais para quem vender esses veículos. Informações que temos dão conta de que um veículo furtado ou roubado, que valia R$ 2 mil, hoje é pago — vendido irregularmente — R$ 500 em desmanches ilegais. A tendência é cada vez ser menos vantajoso vender carros roubados, e esses números reduzirem ainda mais.
A última edição da Operação Desmanche ocorreu em Rio Grande. Os veículos e peças apreendidos lá foram triturados em uma demonstração para imprensa na manhã desta quarta-feira (24) na Gerdau, em Sapucaia do Sul, que é uma das empresas registradas para receber o material das ofensivas.
— A Gerdau tem orgulho enorme de contribuir com esses números. Esta é uma típica relação que todos ganham: nós como empresa, recebendo a nossa matéria-prima, que é o material metálico, mas também o governo do Estado e a sociedade como um todo. Se tira de circulação e se transforma o que poderia ser matéria de delito — afirma o gerente-executivo da Gerdau, Jean Carlo Peluso.
Na siderúrgica, o material apreendido é manuseado por um manipulador hidráulico e triturado por um equipamento chamado Shredder, com capacidade de processar mais de cem carros por hora. Nele, são retiradas as impurezas, como borracha, plástico e terra, e produzida a matéria-prima do que será transformado em aço.