Duas mulheres que levavam uma vida normal. Assim são descritas por familiares, amigos e colegas Aline Schmidt Pirola, 25 anos, e Daniela Weissmann, 35 anos, que morreram na madrugada de quarta-feira (17) em um confronto com a Polícia Federal (PF), em Cristal, no sul do Estado. O problema, segundo quem as conhecia, é o fato de elas terem se envolvido com pessoas erradas.
As duas mulheres, que estavam em carros que furaram barreiras montadas pela PF na madrugada de quarta-feira (17), foram veladas em capelas mortuárias no bairro Florestal, em Lajeado, no Vale do Taquari, onde nasceram e residiam. Aline foi sepultada às 10h30min desta quinta-feira (18) no Cemitério Católico. O enterro de Daniela está previsto para esta tarde, no Cemitério Evangélico. Nenhuma delas tinha antecedentes policiais.
Durante o velório de Daniela, amigos e familiares lamentavam a morte trágica e o que definiram como "má escolha" por parte dela.
— Sempre teve a casa dela, tinha uma vida tranquila, não precisava ir para esse caminho — contou um amigo.
Em seu perfil em uma rede social, a mulher apresentava-se como microempresária. De acordo com o site da Receita Federal, o negócio foi aberto em 2011 e encerrado em 2016. Seria uma loja de roupas, segundo uma amiga.
Para um dos familiares, o problema foi ela ter conhecido, há alguns anos, Marcos Luís Bergham, pai de seu filho de quatro anos. Ele quem dirigia o carro em que estava Daniela — um Civic — quando foi baleada. Bergham também foi ferido, mas sem gravidade, e encaminhado sob custódia da Polícia Federal. Na noite desta quinta-feira (18), ele foi encontrado morto dentro da cela da Superintendência da Polícia Federal. A criança estava no mesmo veículo, foi baleada e seu estado é considerado gravíssimo. O menino de quatro anos está internado em um hospital de Porto Alegre.
— Quando ela o conheceu, ele ainda estava no sistema. Ela sempre dizia que ele iria sair dessa e que mudaria de vida — disse um homem.
Bergham esteve preso por roubos e tentativas de homicídio. Outro homem disse que Daniela e o companheiro costumavam viajar:
— Mas acho que foi a primeira vez que eles levaram a criança.
Aline dirigia o outro carro — um Celta — e também teria furado as barreiras da PF. Ela morreu no local. Sua filha, de dois anos, estava junto, não ficou ferida e foi entregue aos avós maternos.
De acordo com um vizinho dela, de 63 anos, que a conhecia havia 20, a família reprovava o relacionamento com o companheiro Junior Miorando, que já cumpriu pena por furto qualificado e é investigado por furto de carga.
— A família queria que ela largasse ele — contou o homem.
A jovem chegou a cursar três anos Arquitetura e Urbanismo. Atualmente, era acadêmica de Pedagogia na Uniasselvi. Por meio do curso, realizava, desde maio, estágio na Escola Municipal de Educação Infantil Anjinhos do Jardim, localizado no bairro Jardim do Cedro, o mesmo em que ela morava, em Lajeado.
— Era muito carinhosa com todos, as crianças, as professoras, os funcionários — descreve a diretora, Alessandra Cereza.
De acordo com ela, na terça-feira (16), Aline cumpriu normalmente sua jornada, entre 12h30min e 18h30min. Na quarta-feira (17), os colegas ficaram surpresos e consternados com a sua morte.
— Alguns foram ao enterro pelo ser humano que ela era e voltaram para trabalhar — conta a diretora.