Após o cumprimento de mais de 80 mandados judiciais nesta sexta-feira (28), em cinco cidades gaúchas, a Polícia Civil divulgou que a facção criminosa alvo de operação contra lavagem de dinheiro seria responsável pelo ingresso de cerca de 10 toneladas de cocaína por ano no Rio Grande do Sul. Dois integrantes do grupo estão presos e somam, juntos, 126 anos de condenações.
Conforme a polícia, a dupla usava uma rede de laranjas para lavar dinheiro com a aquisição de bens. Na ofensiva desta sexta, foram apreendidos cinco imóveis e 10 veículos avaliados em R$ 5 milhões.
Marizan de Freitas, com 70 anos de condenação e detido na Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas (Pasc), e Antônio Marcos Braga Campos, o Chapolin, com 56 anos de condenação e em presídio federal no Rio Grande do Norte, são apontados como gerentes da organização criminosa baseada no Vale do Sinos.
O ingresso de drogas e a movimentação financeira foi confirmada após análise de áudios, vídeos, anotações e também conforme apreensões policiais anteriores.
Investigação
O delegado Adriano Nonnenmacher, da Delegacia de Repressão ao Crime de Lavagem de Dinheiro do Departamento de Investigações do Narcotráfico (Denarc), também obteve 47 quebras de sigilo bancário, fiscal e financeiro de integrantes da organização, além do bloqueio de sete contas bancárias.
— Há três décadas essa é a organização responsável pelo maior ingresso de cocaína no Estado. Eles adquiriam joias e até relógios caros, tudo em nome de laranjas, assim como veículos de luxo e imóveis. Como pode uma senhora que recebe R$ 1,2 mil por mês ser dona de uma casa de R$ 600 mil com piscina no Vale do Sinos? — diz Nonnenmacher.
Os investigados utilizariam rotas aéreas pelo Estado do Amazonas e diretamente do Paraguai, recebendo o apoio de uma grande facção criminosa de São Paulo.
Os mandados judiciais foram cumpridos em São Leopoldo, Novo Hamburgo, Campo Bom, Porto Alegre e Lajeado. Foram presos quatro suspeitos e apreendidos dois carros e R$ 30 mil em dinheiro.