O Ministério Público Federal (MPF) e a Polícia Federal (PF) estudam a forma como será realizada a restituições de valores às vítimas do suposto esquema de pirâmide financeira desmantelado pela Operação Egypto, deflagrada pela Polícia Federal e Receita Federal, com apoio da Polícia Civil, em cinco cidades gaúchas, em Santa Catarina e São Paulo, na terça-feira (21). Nesta quarta-feira (22), foi finalizada a contabilidade de todo o dinheiro recolhido durante as buscas: R$ 1,3 milhão. Também foram apreendidos 36 carros de luxo.
Por meio de nota, o MPF informa que irá requerer a alienação antecipada de bens apreendidos e realizará levantamento, com a Polícia Federal, dos valores que ficaram bloqueados nas contas dos investigados. Enquanto isso, estudam a forma de restituição, levando em conta o elevado número de investidores.
O procurador da República Celso Tres afirma que, em situações normais, seja de fraude, seja de furto ou roubo, a vítima procure a Justiça ou a Polícia Civil para comprovar que foi lesada para, então, buscar a restituição.
— Mas esse caso é mais complicado, pois foi movimentado mais de R$ 1 bilhão — afirma.
De acordo com o procurador, os investidores devem ter consciência de que a Receita Federal cobrará impostos sobre os valores.
— O governo vai querer o tributo e, na hora da restituição, as dívidas tributárias são prioritárias — diz.
Com a operação, que teve a participação de 130 policiais federais, 20 servidores da Receita Federal e seis policiais civis, no Rio Grande do Sul foram cumpridos mandados judiciais em Porto Alegre, Novo Hamburgo, Esteio, Estância Velha e Campo Bom.
Na terça-feira, um morador de Cachoeirinha de 34 anos, que pediu para não ser identificado, disse a GaúchaZH ter aplicado R$ 10 mil em criptomoedas por meio da inDeal Consultoria, com sede em Novo Hamburgo, que se tornou o principal alvo da Operação Egypto. Agora, o homem não sabe se conseguirá reaver o dinheiro.
— Todo o dinheirinho que conseguia economizar, colocava nisso — disse.
A inDeal, de acordo com as investigações, movimentava valores sem autorização do Banco Central em suposto esquema de pirâmide financeira, oferecendo a interessados retorno de até 15% no primeiro mês de aplicação. Em 15 meses, teria recebido mais de R$ 1 bilhão em três contas bancárias.
Procurado por GaúchaZH na terça-feira, o advogado da inDeal, Julião Ludwig, afirmou que ainda não havia tido acesso ao inquérito e, por isso, não tinha detalhes da investigação. Salientou que em outra operação em janeiro já foi comprovado a inexistência de pirâmide, o que, segundo ele, deve ocorrer novamente agora. O nome da empresa não foi divulgado pela PF, mas a reportagem confirmou a identificação ao ir até a sede onde os mandados foram cumpridos.