A Polícia Federal (PF) e a Receita Federal cumpriram, na manhã desta terça-feira (21), 10 mandados de prisão preventiva e 25 de busca e apreensão em cinco cidades gaúchas e em Santa Catarina e São Paulo. A chamada Operação Egypto investiga a inDeal, com sede em Novo Hamburgo, que atua sem autorização do Banco Central.
O inquérito foi instaurado em janeiro para investigar a atuação da empresa, que estaria captando recursos de terceiros para investimento no mercado de criptomoedas. Conforme a PF, a companhia assumia o compromisso de retorno de, pelo menos, 15% no primeiro mês de aplicação.
Além dos crimes de operação de instituição financeira sem autorização legal, gestão fraudulenta, apropriação indébita financeira, lavagem de dinheiro e organização criminosa, o inquérito apura o envolvimento de pessoas que teriam tentado obter informações sigilosas da investigação e que foram identificadas.
De acordo com levantamentos da Receita, uma das contas da inDeal teria recebido créditos de mais de R$ 700 milhões entre agosto de 2018 e fevereiro deste ano. Segundo a investigação, os sócios da instituição apresentaram evolução patrimonial que, em alguns casos, passou de menos de R$ 100 mil para dezenas de milhões de reais em cerca de um ano.
Ainda não há um balanço de quantas pessoas foram lesadas, mas o superintendente da PF no Estado, Alexandre Isbarrola, afirma que são "centenas". Para diminuir o prejuízo das vítimas, veículos de luxo foram apreendidos na casa dos investigados.
Na residência de um dos alvos, em Esteio, caixas de dinheiro foram apreendidas. Já na sede da inDeal, policiais encheram caixas de documentos na busca de mais informações sobre os empresários – que, segundo a investigação, prometiam a compra de criptomoedas, mas utilizavam o dinheiro para enriquecimento pessoal.
O procurador Celso Três, que coordenou a apuração pelo Ministério Público Federal, alerta que além da empresa do Vale do Sinos, outras estão sendo investigadas.
— Há outras atuando, à mercê da ganância das pessoas — diz.
No Rio Grande do Sul, as ordens judiciais foram cumpridas em Porto Alegre, Novo Hamburgo, Esteio, Estância Velha e Campo Bom. Cerca de 130 policiais federais, 20 servidores da Receita Federal e seis policiais civis participaram da ação.
Além dos mandados de busca e prisão, foram expedidas ordens judiciais de bloqueio de ativos financeiros em nome de pessoas físicas e jurídicas, de dezenas de imóveis e a apreensão de veículos de luxo. A operação foi denominada Egypto pela similaridade dessa palavra com o termo "cripto" e pelo fato de que o negócio da empresa foi classificado por terceiros como de "pirâmide financeira".
O nome da empresa não foi divulgado pela PF, mas a reportagem confirmou a identificação ao ir até a sede onde os mandados foram cumpridos.
O advogado da inDeal, Julião Ludwig, afirmou que ainda não teve acesso ao inquérito e, por isso, não tem detalhes da investigação. Entretanto, o defensor salienta que em outra operação em janeiro já foi comprovado a inexistência de pirâmide, o que, segundo ele, deve ocorrer novamente agora. O nome da empresa não foi divulgado pela PF, mas a reportagem confirmou a identificação ao ir até a sede onde os mandados foram cumpridos.