Há duas coisas que motivam a ganância das pessoas que investem em pirâmides financeiras. Ou é ingenuidade ou é má-fé. A coluna tenta entender este fenômeno desde que cobriu o caso Telexfree, que foi um esquema que ruiu em 2013. Começou com reclamações no Procon e terminou com multas milionárias. A promessa do ganho fácil e muito acima do usual no mercado financeiro parece hipnotizar investidores.
A operação feita nesta terça-feira (21) pela Polícia Federal e a Receita Federal ocorre na inDeal, uma empresa que teve investigação noticiada por GaúchaZH ainda em fevereiro. Mesmo após o Ministério Público Federal sugerir que as pessoas resgatassem o dinheiro, as pessoas seguiam colocando suas economias no negócio. Pelas redes sociais, a colunista recebe até hoje mensagens sobre o assunto.
De um lado, leitores ingênuos perguntam se eu acho que as autoridades estavam mesmo corretas. Os 15% de rentabilidade mensal prometida, ou até 30% no caso de outras empresas, deixam as pessoas inebriadas. Difícil entender quem é ultraconservador tirando suas economias da poupança e colocando em uma empresa que promete ganho fácil, não tem registros necessários para atuar no mercado financeiro e, o pior, já é investigada por autoridades. Mesmo que ainda ninguém tenha sido preso ou não tenha ocorrido a operação realizada hoje. Depois, ainda dizem que comprar ações na bolsa de valores é um investimento arriscado.
De outro, havia leitores que reclamavam que as investigações do Ministério Público Federal e da Comissão de Valores Mobiliários estavam atrapalhando o negócio. A queixa tem lógica, já que pirâmides precisam que cada vez mais pessoas entrem no esquema para quem está no topo ganhar o dinheiro. O mecanismo funciona assim. Só que a maioria sabe que desmorona um dia e age de má-fé. São pessoas que atraem outras para o esquema, apostando que a quebra ocorrerá após terem embolsado o seu próprio ganho.
Agora, as pirâmides financeiras envolvem criptomoedas, como são chamadas as moedas virtuais. Ou seja, há ainda mais risco envolvido, por serem algo que ainda engatinha na regulamentação. Só que o esquema existe há décadas e volta e meia reaparece, assim como o golpe do bilhete premiado.
Antes de investir, investigue
Independente do tamanho do retorno prometido, a orientação é investigar as empresas antes de fazer os investimentos. Uma das fontes é o próprio site da Comissão de Valores Mobiliários, além do Banco Central e da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (ANBIMA). Se não estiver entre as empresas listadas na CVM, desconfie. Além disso, o órgão tem um canal no site pelo qual a pessoa pode questionar sobre as empresas.