A Polícia Federal (PF) afirma que a empresa inDeal, com sede em Novo Hamburgo, no Vale do Sinos, recebeu depósitos de mais de R$ 1 bilhão desde fevereiro do ano passado. A instituição — que opera sem autorização do Banco Central — é alvo da Operação Egypto, deflagrada nesta terça-feira (21) em cinco cidades gaúchas e em Santa Catarina e São Paulo.
Além dos crimes de operação de instituição financeira sem autorização legal, gestão fraudulenta, apropriação indébita financeira, lavagem de dinheiro e organização criminosa, o inquérito apura o envolvimento de pessoas que teriam tentado obter informações sigilosas da investigação e que foram identificadas.
Deste valor, estimado pelo auditor fiscal da Receita Federal Heverton Luiz Caberlon, pelo menos R$ 850 milhões foram movimentados entre fevereiro de 2018 e fevereiro de 2019 e estão comprovados pela quebra do sigilo bancário obtida pela PF. Além desse montante, Caberlon estima que outros R$ 200 milhões teriam sido movimentados entre março e maio deste ano — o cálculo preciso ainda depende de análise das provas coletadas na investigação.
Dez pessoas foram presas durante a ofensiva, em Porto Alegre e no Vale do Sinos. Foram cumpridos também 25 mandados de busca e apreensão durante a manhã. Os nomes dos presos ainda não foram divulgados.
Segundo a investigação, a empresa captava recursos de terceiros — o que é ilegal —, prometia retorno de 15% no primeiro mês, mas investia o dinheiro em outras áreas, incluindo artigos de luxo para seus sócios.
A PF obteve a quebra de sigilo bancário dos investigados, o que mostrou a movimentação financeira da empresa. Segundo a investigação, mais de R$ 500 milhões foram usados em investimentos convencionais, e não em criptomoedas, como prometido. Desta mesma conta, saíram ainda pagamentos para compra de pedras preciosas e imóveis de luxo.
O nome da empresa não foi divulgado pela PF, mas a reportagem confirmou a identificação ao ir até a sede onde os mandados foram cumpridos.
O advogado da inDeal, Julião Ludwig, afirmou que ainda não teve acesso ao inquérito e, por isso, não tem detalhes da investigação. Entretanto, o defensor salienta que em outra operação em janeiro já foi comprovado a inexistência de pirâmide, o que deve ocorrer novamente agora.