
Policiais seguem à procura de Davi dos Santos Mello, 20 anos, identificado como um dos autores do latrocínio (roubo com morte) que vitimou pai e filho em Estância Velha, no Vale do Sinos. Rafael Santos Domingues, 19 anos, apontado como comparsa dele no crime, foi preso nesta semana pela Brigada Militar. Ele nega envolvimento no caso. A Polícia Civil pedirá a prorrogação do inquérito, que deveria ser concluído até o fim da próxima semana.
Os policiais seguem recebendo e verificando informações sobre o possível paradeiro do foragido. Uma força-tarefa foi montada para investigar o crime. Entre as hipóteses apuradas está a de que ele poderia estar, inclusive, fora do Estado. Com prisão preventiva decretada pela Justiça, Mello - que já possui condenação por roubo - deixou o bairro Santo Afonso, onde residia, um dia após o assalto. Na rua sem calçamento, moradores ficaram surpresos quando ele foi apontado como um dos autores.
— Ninguém imaginava que podia ser alguém que morava tão perto da gente. Ficou todo mundo apavorado — comentou uma moradora, que preferiu não ser identificada.
Como Domingues foi preso na noite de terça-feira (23), a investigação deveria ser remetida à Justiça até 10 dias depois. O delegado Márcio Niederauer, responsável pela delegacia de Estância Velha, pretende pedir a prorrogação do prazo por mais 10 dias. Conforme o policial, uma série de buscas ainda precisa ser feita.

Os dois apontados como autores do crime devem ser indiciados por latrocínio, receptação da veículo — o Honda City usado na fuga havia sido roubado na Capital — e adulteração de sinal de veículo automotor, já que o automóvel estava com placas clonadas.
Ainda segundo Niederauer, embora tenham ocorrido duas mortes, eles devem ser indiciados por um latrocínio, pois trata-se de apenas um roubo. Em caso de condenação, no entanto, a pena é aumentada por serem duas vítimas.
— Na dosimetria da pena o juiz leva isso em consideração (as duas mortes) — explicou o delegado.
Condenado por roubo de veículo, ocorrido em São Leopoldo, em setembro de 2017, Mello estava em prisão domiciliar na data do assalto à joalheria. Ele deveria estar usando tornozeleira eletrônica, mas não havia aparelho disponível, por isso estava sem monitoramento.

Domingues residia na Vila Brás, em São Leopoldo, e também deixou a moradia um dia após o assalto. Ele foi preso em Portão, na casa da companheira de um traficante com atuação no mesmo bairro onde ele morava. Em depoimento, negou que tenha participação no crime e disse não conhecer Mello, mas se recusou a responder parte das perguntas. Silenciou quando questionado sobre o motivo pelo qual deixou o bairro onde morava, sobre onde permaneceu neste período em que era procurado e se já esteve na joalheria alvo do assalto.
— Solicitei que fosse feita coleta de material genético, para comparativo, já que ele se diz inocente, mas ele se negou — afirmou Niederauer.
Com eles foram apreendidos dois celulares, que estão sendo analisados. As joias roubadas não foram encontradas na residência onde ele foi preso, em Portão. Após ser ouvido, foi encaminhado para a Penitenciária Modulada de Montenegro. Responsável pela defesa de Domingues, Rodrigo de Oliveira informou nesta sexta-feira (26) que ainda não teve acesso aos autos e pretende se manifestar somente na próxima semana.
Disfarce para assalto
De cabelos cortados e barba feita, Rafael Santos Domingues, quando preso, estava com aparência diferente do vídeo gravado na joalheria. Para o roubo, ele teria usado óculos falso de grau, pigmentado a barba em tom mais escuro e coberto as tatuagens da mão esquerda com maquiagem. Para a Polícia Civil, ele é o assaltante de camisa rosa que aparece nas imagens junto ao balcão do estabelecimento. O criminoso rendeu uma funcionária e a proprietária da loja.
Já Davi dos Santos Mello foi identificado como o outro assaltante, de camiseta preta e óculos escuros. Ele teria sido responsável por render pai e filho em uma área nos fundos da loja. Após um disparo, Leomar Canova, 59 anos, e Luis Fernando Canova, 35 anos, começaram a lutar com um dos criminosos e acabaram mortos a tiros. Os dois assaltantes dispararam contra as vítimas. Antes de fugir, o homem de camisa rosa obrigou as mulheres a entregarem a sacola com as joias roubadas. As mercadorias, avaliadas em cerca de R$ 350 mil, ainda não foram recuperadas.
Colabore
Informações sobre o paradeiro do foragido devem ser repassados à Polícia Civil, pelo 197, pelo Disque Denúncia, no 181, ou para a Delegacia de Polícia de Estância Velha, pelo (51) 3561-1110.