Os parentes de Leomar Jacó Canova, 59 anos, e Luis Fernando Canova, 35 anos, assassinados em assalto à joalheria da família, em Estância Velha, no Vale do Sinos, não assimilaram a morte dos familiares. Filho e irmão das vítimas, Leonardo Canova, 25 anos, diz que os dois homens eram considerados exemplos.
Leonardo é responsável por uma das unidades da relojoaria, localizada em Campo Bom. Segundo ele, Luis Fernando deixa a esposa e uma filha de 9 anos, recém completados em março deste ano.
— Nossa família é muito unida. A gente tem negócios juntos. O pai sempre foi um cara que que não comia para dar tudo o que queríamos. Resumindo, era um cara exemplo. Meu irmão então... Somos uma família muito unida. Sempre ajudamos um ao outro — conta Leonardo.
Ele diz que o pai não tinha arma no estabelecimento. A família até tentou encaminhar o processo para ter a posse, mas depois acabou desistindo. Conta que antes de o pai ser atingido, tentou dominar um dos criminosos.
— Ainda não caiu a ficha. Chegam dois caras e simplesmente arrancam a tua vida. Eu acho que é muita impunidade — lamenta.
O crime chocou a população de Estância Velha. Horas após o latrocínio, moradores se reuniam em frente à relojoaria, incrédulos com o crime que deixou pai e filho mortos. Dificilmente alguém passava pelo local sem encarar o estabelecimento, que permanecia com as portas fechadas.
Nas proximidades da loja, conhecidos da família falavam sobre Leomar e Luis Fernando Adjetivos como trabalhadores e pessoas boas estavam entre os usados para descrever pai e filho.
— Eram ótimos. Passavam todos os dias por aqui, principalmente o filho. A gente conversava, cumprimentava. Eram pessoas bem amigas, né? — disse Rosane Alves, 52 anos, proprietária de uma loja de artesanato que fica em frente à relojoaria.
Rosane lembra que trocou palavras com Luis Fernando no dia anterior ao crime.
—Hoje, quando recebi a notícia, fiquei muito triste. Está engasgado. A gente sai de casa para trabalhar e não sabe se vai voltar. É muita insegurança — diz a dona da loja de artesanato, enchendo os olhos de lágrimas ao olhar para a relojoaria enquanto falava com GaúchaZH.
Otávio Luft, 58 anos, dono de uma lancheria e de uma ótica na mesma quadra de onde ocorreu o latrocínio, diz que os donos da relojoaria eram muito trabalhadores. Começavam a jornada cedo e terminavam tarde da noite.
—Não tenho queixa deles. Era "bom dia", "boa tarde". Eram meus fregueses na parte do restaurante, sorveteria. Estavam todos os dias comprando. Gente muito boa. Trabalhavam muito — conta Otávio.
Dono de uma barbearia ao lado do estabelecimento, Nelson Abati, 64 anos, conhecia pai e filho há mais de 20 anos. Abati também diz que a família era querida e tranquila. Ele conta que atendeu a mulher de uma das vítimas após o crime e viu os criminosos correndo com as malas recheadas de produtos roubados.
— Deu o primeiro tiro, demorou um pouquinho e saíram os outros. Daí a vizinha já me chamou, dizendo que tinham matado os dois — relembra.