No papel, Davi dos Santos Mello, 20 anos, condenado por roubo de veículo, está em prisão domiciliar desde o dia 13 de fevereiro. Na vida real, segundo a Polícia Civil, foi um dos criminosos que invadiu uma joalheria em Estância Velha, no Vale do Sinos, e matou pai e filho a tiros durante assalto. Rafael Santos Domingues, 19 anos, é apontado como o outro ladrão, que também disparou contra as vítimas. Com prisão preventiva decretada, os dois estão foragidos.
O assalto que levaria Mello a ser condenado aconteceu em 29 de agosto de 2017, na Avenida Mauá, em São Leopoldo. Ele e um comparsa roubaram um Astra prata. Com arma apontada para a cabeça, o motorista foi obrigado a descer do carro com as mãos para o alto. Entraram no veículo e fugiram em alta velocidade.
Os dois ladrões foram presos logo depois pela Brigada Militar, ainda com o carro roubado, no bairro Santo Afonso, em Novo Hamburgo. Foi apreendido um revólver calibre 32, além de outros pertences levados da vítima.
Em depoimento, Mello confessou o crime e disse estar arrependido. Ele negou que tenha usado arma no assalto. Recebeu como condenação cinco anos e quatro meses de reclusão. Sentenciado em setembro, foi para o regime aberto no início deste ano. Deveria passar a usar tornozeleira eletrônica. Como não havia equipamentos disponíveis, a Justiça determinou que ele fosse para prisão domiciliar.
Para isso, Mello deveria se apresentar a cada 15 dias à Justiça, manter endereço atualizado, não se afastar da residência no período entre 20h e 7h e nem aos fins de semana. Também não poderia frequentar bares e casas noturnas, entre outras regras. "Saliento que, com a regularização do fornecimento das tornozeleiras, o apenado será encaminhado para monitoramento eletrônico", afirmou o juiz Carlos Noschang Júnior no texto da decisão, em 21 de fevereiro.
Procurada por GaúchaZH, a assessoria de imprensa da Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe) afirmou que não cabe a instituição definir sobre a progressão de regime, apenas monitorar o preso. Ainda segundo a Susepe, Mello estava em prisão domiciliar aguardando tornozeleira e, mesmo que estivesse usando o equipamento, "estaria no semiaberto".