O dia estava começando a nascer quando Oli Lenz, 49 anos, acordou. Preparou o café da manhã para a família e se sentou à mesa com os quatro filhos e a esposa. Antes de sair de casa, ainda deu uma conferida na reforma do segundo andar da casa em Canoas, na Região Metropolitana. Estava fazendo, por conta própria, a troca do piso dos cômodos.
Oli deixou a residência com R$ 5 mil nos bolsos. Era avesso a cartão de crédito, só fazia os pagamentos em dinheiro. Iria comprar materiais de construção para dar sequência à obra, segundo o filho Michel Marcelus da Silva Lenz, 21. Ao se aproximar da agência do banco Itaú, Lenz foi abordado por dois homens armados na esquina da rua 11 de Junho com a BR-116. Segundo a Brigada Militar, ele reagiu a socos e foi morto a tiros.
Dois criminosos foram presos e parte do dinheiro foi recuperado. A polícia também apreendeu três celulares, que vão passar por perícia para que sejam quebradas as senhas e analisado o conteúdo. A verificação será importante para a investigação confirmar ou descartar a hipótese de que o crime teria sido encomendado.
O velório de Lenz aconteceu na manhã desta segunda-feira (9) no Cemitério da Santa Casa, em Porto Alegre. O enterro ocorreu no começo da tarde. A maior parte da família veio de longe para fazer as últimas homenagens. Entretanto, a esposa dele não havia comparecido ao velório até as 11h. A família não soube explicar a ausência.
Lenz é natural de Cerro Largo, no Noroeste, de onde saiu há 30 anos. Na região ainda moram a mãe dele e alguns irmãos, que vieram para a Capital nesta segunda.
Entre amigos e familiares, Lenz era conhecido por ser uma pessoa trabalhadora. Faltavam três meses para ele se aposentar. Não estava mais trabalhando e tinha encaminhado a documentação para receber o benefício, conta o irmão da vítima, Bernardo Lenz, 45 anos.
— Ele viveu para trabalhar. Estava feliz que ia descansar — conta o irmão.
O bom humor era outra característica do cerro-larguense.
— Ele era faceiro, sempre alegre — conta um amigo da família, que preferiu não se identificar.
Lenz deixa quatro filhos: uma menina de 4 anos, um adolescente de 14 anos e outros dois adultos, de 21 e 27 anos.
Vítima recebeu R$ 80 mil em ação trabalhista
Em sua carreira, Oli trabalhou por mais de 16 anos na rede de supermercado Asun, com sede em Porto Alegre. Atuou, entre outras funções, como gerente. Em 2015 processou a empresa, que, em outubro de 2017, foi condenada a pagar R$ 80 mil para Lenz.
No montante estão pagamentos de horas-extras, intervalos interjornada e adicional de insalubridade em grau médio, além de diferenças de adicional de transferência para outras unidades da rede de supermercados.
GaúchaZH entrou em contato com uma das advogadas da vítima. Entretanto, ela não quis comentar sobre o caso.
Polícia investiga caso
O caso está sendo investigado pela delegada Miriam Luciana Freitas Elias, titular pela 2ª Delegacia de Polícia de Canoas. À GaúchaZH, ela afirmou que ainda está tomando conhecimento dos fatos e que ainda não recebeu o material do plantão. Entre os documentos, estão os depoimentos dos dois homens presos.