A morte de oito pessoas em Viamão, na região metropolitana de Porto Alegre, praticamente parou a delegacia de homicídios da cidade, de pouco mais de 239 mil habitantes. Da noite para o dia, cinco novos agentes se somaram à equipe, e só saíram dali na madrugada desta quarta-feira (20).
— Era 4h da madrugada e a gente ainda estava ouvindo gente — conta um policial, que está trabalhando nas investigações.
Antes dos crimes, a delegacia contava com 13 servidores. Com o reforço de agentes, que devem permanecer 15 dias na cidade, o atendimento à população que queira registrar ocorrências pode prosseguir, sem que seja afetado.
Na manhã desta quarta-feira (20), a delegada Caroline Jacobs, responsável pela investigação, estava praticamente sem voz e não escondia o cansaço.
— Eu praticamente nem dormi — conta.
Para dar conta à procura de repórteres, Caroline pediu apoio para o delegado regional, Carlos Wendt, que fica em Gravataí. Ele também acabou auxiliando no trabalho nas ruas.
O andamento das investigações é mantido praticamente em sigilo pelos delegados. Entretanto, o chefe da Polícia Civil, Emerson Wendt, adiantou na manhã desta quarta-feira (20) que os crimes podem ter ligação com uma disputa interna de uma facção criminosa.
Abaixo, GaúchaZH reuniu alguns pontos da apuração. Confira:
Quem são as vítimas?
Sete das oito vítimas já foram identificadas. Na Rua Guarapari foram mortas três pessoas: Douglas da Costa Orguin, 19 anos, Stefânia Carvalho da Silva, 20 e Greice Kelly da Mota Jorge, 28. Na Rua Professor de Freitas Cabral outras três pessoas foram mortas: Graziela da Silva Santos, Cintia Fogaça dos Santos e Frank Bruno. As idades não foram informadas. Já na Rua Araranguá foi morto um homem, reconhecido como Claudio Roberto Gonçalves, 38 anos. O oitavo corpo, encontrado em um arroio próximo aos locais dos crimes, ainda não foi identificado. Conforme a polícia civil, só será possível afirmar a identidade da vítima com o resultado da perícia. Com o corpo não foi encontrado documento de identificação. Suspeita-se que ele tenha sido obrigado pelos criminosos a indicar a localização das outras vítimas da chacina.
Qual a quantidade de criminosos envolvidos?
A polícia não divulga. Conforme a delegada Caroline Jacobs, responsável pela investigação, o sigilo ocorre para não atrapalhar as investigações.
— Não temos o número exato. A gente está com as investigações bem apuradas, só que não podemos divulgar ainda porque a gente precisa de outros elementos técnicos para poder confrontar — observa a delegada.
E o calibre das armas usadas?
Ainda não se sabe. A delegada Caroline Jacobs, responsável pela investigação, "desconfia" do tipo de arma utilizada, mas salienta que só será possível afirmar com exatidão a partir da análise da perícia. Nos locais dos crimes foram encontradas cápsulas de armas espalhadas pelo chão.
Quantas pessoas já foram ouvidas?
Pelo menos 10 pessoas já foram ouvidas. GaúchaZH conseguiu apurar que os depoimentos se arrastaram durante a madrugada desta quarta-feira (20).
Quais as linhas de investigação?
A principal linha de investigação é de uma disputa interna de uma facção criminosa, ligada ao tráfico de drogas, conforme adiantou o chefe da Polícia Civil, Emerson Wendt. Entretanto, ele não dá mais detalhes sobre o que o faz a acreditar nessa possibilidade.
GaúchaZH apurou que uma das mulheres mortas — Greice Kelly da Mota Jorge — usava tornozeleira eletrônica por tráfico de drogas. Ela foi presa em 2012, condenada a 10 anos de prisão, mas conseguiu progressão de regime e acabou cumprindo a pena em casa. Conforme a defesa dela, ela conseguiu o benefício naquela época, voltou a ficar presa em regime fechado, mas novamente deixou a prisão.
Alguém já foi preso?
Ainda não. A Brigada Militar fez buscas na região, mas ninguém foi localizado.
O reforço de agentes na delegacia já começou a atuar?
Sim. De acordo com a delegada, os cinco agentes já passaram a trabalhar na delegacia de homicídios ainda na terça-feira (19). O reforço de policiais deve auxiliar na coleta de depoimentos e ainda no trabalho na rua. Antes do crime, a delegacia contava com 13 agentes. Segundo o delegado regional Carlos Wendt, os cinco novos agentes estavam lotados antes na homicídios de Porto Alegre e devem ficar trabalhando em Viamão por cerca de 15 dias.