A Brigada Militar abriu Inquérito Policial Militar (IPM) para apurar a conduta do policial militar flagrado com drogas no último sábado (14) no Presídio Central de Porto Alegre. Com ele, foram apreendidos dois quilos de maconha, 50 gramas de cocaína e 30 gramas de crack.
Segundo a direção da casa prisional, câmeras de videomonitoramento flagraram a ação de um homem que arremessou a droga para dentro do local por volta das 8h. O suspeito que jogou a droga fugiu após a investida.
O policial estava entre o Pavilhão F e o muro do complexo e pegou os entorpecentes. Em seguida, depositou o material em um recipiente na tentativa de evitar que a droga fosse apreendida. Ele acabou sendo flagrado.
Conforme o diretor do presídio, tenente-coronel Marcelo Gayer, o inquérito tem 40 dias para ser concluído, mas pode ser prorrogado por mais 30 dias. Ainda segundo o oficial, o PM foi ouvido e liberado, mas nesta segunda-feira (16) deve se apresentar para prestar depoimento.
Este é o segundo caso do ano de um policial militar sendo flagrado recebendo drogas no Central, conforme Gayer. Sem dar detalhes, o oficial explicou que a situação ocorreu no começo do ano e o inquérito segue em andamento. O PM segue afastado.
— Já tivemos algumas situações desse tipo, não é a primeira vez — observa Gayer.
O diretor do presídio salientou que, além das visitas, os agentes que trabalham no local também são revistados, inclusive com scanner.
— Temos um protocolo de segurança. Meu carro inclusive é vistoriado na entrada da cadeia — salientou o tenente-coronel.
O oficial acrescentou que há rodízio dos policiais militares que trabalham no local, que são trocados a cada dois anos.
A juíza da Vara de Execuções Criminais (VEC) Sonáli da Cruz Zluhan explica que é difícil constatar a entrada de drogas por PMs no Central, devido ao grande fluxo de visitas e poucos agentes no local.
Para Marcos Rolim, doutor em Sociologia, a situação revela que o tráfico no Central é preocupante:
— O caso do PM é um episódio que revela que não há tráfico de drogas sem a participação de agentes públicos. O Presidio Central é a maior e mais lucrativa "boca de fumo" do RS há muitos anos por conta da negligência dos gestores que nunca se sentiram constrangidos em descumprir a Lei de Execuções. Para se impedir o tráfico de drogas em uma prisão é necessário que o Estado tenha o controle da execução penal. A opção de encarcerar em massa e de forma descriteriosa está na origem dessa perda de controle.