O misterioso caso das crianças encontradas esquartejadas em setembro de 2017, em Novo Hamburgo, teve o inquérito mais uma vez prorrogado pelo judiciário. O pedido foi feito em 16 de março, mesmo dia do indiciamento do delegado Moacir Fermino, que ficou à frente das investigações por 30 dias. A solicitação inicial era para a retirada do prazo, já que não havia ninguém mais preso, o que não foi atendido.
Conforme o titular das investigações Rogério Baggio Berbicz, a prorrogação permite que a polícia tenha mais tempo para continuar trabalhando no caso. Em janeiro, os investigadores já haviam pedido mais 60 dias.
— Esse caso é um dos mais complexos que já peguei. Não sabemos nem a identificação das vítimas, o que torna mais difícil as investigações— destaca.
O caso, que já completou seis meses de investigações, não tem testemunhas ou imagens que revelem quem pode estar envolvido no crime.
Relembre o caso
- Os corpos de duas crianças foram encontrados nos dias 4 e 18 de setembro de 2017, no bairro Lomba Grande, em Novo Hamburgo.
- Perícias nos restos mortais comprovaram que se tratavam de dois irmãos, por parte de mãe. A investigação foi conduzida inicialmente pelo delegado Rogério Baggio, mas foi assumida nas férias dele pelo delegado Moacir Fermino.
- Na época, uma testemunha relatou a Fermino ter presenciado um ritual satânico em uma casa em construção, no qual teria visto duas crianças e sete suspeitos, para os quais o delegado pediu à Justiça e obteve prisão preventiva.
- Depois do retorno do delegado Baggio ao caso, constatou-se que tudo era uma "farsa" e que testemunhas haviam mentido após receber promessa de dinheiro.
- As prisões foram revogadas e a investigação voltou à estaca zero. Um homem, que teria orientado os testemunhos falsos, foi preso — ele não teve a identidade revelada.
- Cinco policiais foram afastados das suas funções, entre eles o delegado Moacir Fermino. A Corregedoria da Polícia Civil (Cogepol) abriu apuração sobre o equívoco.
- Em 16 de março, a Cogepol indiciou Fermino por falsidade ideológica e corrupção de testemunhas. Outro policial foi responsabilizado por falsidade ideológica e um terceiro homem, de nome Paulo, que está preso, por corrupção de testemunhas. Além disso, a Corregedoria pediu que Fermino permanecesse afastado. Já aos outros quatro policiais foi solicitada a revogação da situação.