Em liberdade após a Polícia Civil pedir sua soltura à Justiça, Paulo Ademir Nobert afirma que sua vida acabou. O vendedor e outros quatro homens foram detidos em janeiro por suspeita de envolvimento no esquartejamento de duas crianças em setembro de 2017, no que as autoridades classificaram como um suposto ritual satânico para atrair prosperidade. Os cinco foram soltos depois que a própria polícia admitiu que a investigação sobre o caso voltou à estaca zero.
Em entrevista ao programa Timeline, Nobert disse que jamais faria o que definiu como "monstruosidade".
— Não tem cabimento uma maluquice dessas. Eu sou pai de três filhos e (tenho) dois netos, jamais faria uma coisa dessas. Acabou com a minha vida. Terminou com o meu sossego, com a paz da minha família. Foi tudo por água abaixo — disse.
Norbert diz não saber como a polícia chegou até ele e que o único contato que havia tido com o caso fora por meio de fotos dos corpos das crianças, recebidas em redes sociais em setembro. As imagens teriam sido enviadas por Jair da Silva, que também estava preso.
— Não faço nem ideia por que chegaram no meu nome. Eu sou uma pessoa católica, não me envolvo com esse tipo de coisa. Eu não conheço essa pessoa chamada Silvio, não conheço essas pessoas, a não ser o Jair. Em em meados de setembro, recebi foto dos corpos por WhatsApp, porque eu moro a cinco quilômetros de onde acharam os corpos — disse.
Ao ser questionado sobre os motivos que o levaram a fugir, Paulo afirmou que queria provar a sua inocência em liberdade.
— A gente é leigo nessa parte e é orientado, né? Como eu não devia nada, tentei provar minha inocência em liberdade. Não perguntei por que estava sendo preso, já estava escancarado na mídia, não tinha que perguntar nada. A mentira já estava feita — justificou.
O vendedor disse já conhecer o delegado Moacir Fermino, responsável pelo inquérito que resultou em sua prisão, mas não quis comentar as declarações do policial de que teria chegado aos suspeitos por meio de revelações divinas. Norbert responde a processos por receptação, conforme apurado pela reportagem de GaúchaZH. Ele alega que os processos envolvem crime ambiental, e diz não acreditar na existência de relação entre os fatos.
— Não tem nada a ver uma coisa com a outra. Crime ambiental não liga a uma monstruosidade destas — disse
O vendedor disse que, durante o período em que esteve preso, inicialmente ficou isolado de outros detentos. Ele relata ter recebido ameaças:
—Eu fiquei alguns dias em uma cela isolado. Ali, eu já ouvi comentários, de outros presos de que não era para eu comer, que iam por veneno na minha comida. Eu só quero a minha vida de volta. Trabalhar, tocar, criar meus filhos. Em casa era desespero total, com ameaça de tudo que era lado. Minha vida acabou ali — afirmou.