A Polícia Civil divulgou nesta quarta-feira (3) a prisão do líder de um templo satânico e de dois seguidores em um sítio na Região Metropolitana de Porto Alegre. Eles são investigados por envolvimento na morte de duas crianças que tiveram os corpos encontrados esquartejados no bairro Lomba Grande, em Novo Hamburgo, no Vale do Sinos.
A investigação é da 2ª Delegacia de Polícia e da Delegacia de Homicídios do município. O diretor regional do Vale do Sinos, delegado Rosalino Seara, diz que havia pelo menos duas grandes linhas de investigação, uma sobre tráfico de pessoas e outra sobre ritual macabro. Em relação à última, foram encontrados vários indícios e a polícia ainda conseguiu confirmar a existência do templo – que não teve a localização divulgada.
Após obter mandados judiciais, na quarta-feira da semana passada (27), três suspeitos foram presos na residência – outros três ainda são procurados. Várias buscas foram realizadas, inclusive na terça-feira (2), na tentativa de encontrar os crânios das vítimas.
Na Estrada Porto das Tranqueiras – que faz jus ao nome, pois há muito lixo entulhado às margens da via de chão batido –, na Lomba Grande, onde partes dos corpos foram encontrados em setembro, alguns moradores confirmam a presença constante da polícia.
– Eles passam aí toda hora. Há pouco passaram – afirmou uma mulher, que prefere não ser identificada, por volta do meio-dia desta quarta.
Questionada sobre o que os agentes faziam na região, ela disse acreditar que estavam em busca dos crânios, pois "andaram escavando" um terreno baldio. Muitos boatos sobre a localização do templo, a origem dos envolvidos e das crianças, entre outras informações, surgem nos diálogos cotidiano da cidade.
– Só sei que é tudo muito macabro – limitou-se a dizer outro morador.
A polícia não confirma se as cabeças já foram localizadas – aliás, a maior parte da investigação, como, por exemplo, como se chegou ao nome dos suspeitos, ainda é mantida sob sigilo. Isso porque os policiais ainda precisam responder a algumas dúvidas envolvendo o caso, incluindo confirmar se as crianças realmente foram mortas em um ritual satânico.
Em depoimento à polícia, o líder do grupo se identificou como "mestre e bruxo", além de confirmar que realiza rituais e conferências sobre o assunto. Ele mencionou uma espécie de pacto com o diabo em busca de realizações financeiras e amorosas. No entanto, negou a realização de sacrifícios.
O delegado regional confirmou no templo atribuído ao suspeito foram encontrados a imagem de um demônio e, logo abaixo, um crânio dentro de uma bacia com sangue. Os outros dois presos teriam confirmado que são "seguidores" do "mestre". Os nomes dos suspeitos não foram divulgados porque são prisões temporárias, ou seja, podem ser soltos se as hipóteses não se confirmarem.
Em relação às crianças, que ainda não foram identificadas, exames de DNA confirmaram que se trata de um casal de irmãos, filhos de pais diferentes — um menino com idade entre oito e 10 anos de idade, e uma menina, de 10 a 12 anos. O exame também apontou que uma das crianças estava alcoolizada.
Até agora, ninguém procurou a polícia para informar sobre o desaparecimento das vítimas e, por isso, acredita-se que a mãe também esteja morta. A polícia não descarta ainda que as crianças possam ser estrangeiras, pelo fato de que um dos suspeitos é de outro país.