O delegado que investiga a morte de duas crianças, encontradas esquartejadas em Novo Hamburgo, afirma que solucionou o crime por uma "revelação de Deus". Durante entrevista ao programa Timeline da Rádio Gaúcha, Moacir Fermino disse que é "servo de Deus" e que profetas teriam indicado os caminhos para a investigação, inclusive apontando quem ele deveria ouvir.
— Essa pessoa que passou é profeta de Deus e estava comigo no carro e disse: "Deus tem uma revelação para ti". Quando cheguei à delegacia e desci do carro, um outro profeta de Deus me ligou. Ele disse: "Delegado Fermino. Vem aqui que tenho tudo para te passar dessas crianças que foram encontradas". Aí eu fui lá e anotei em um caderno. Foram passadas várias testemunhas e pessoas que dariam informações — explica o delegado, que, por isso, deu o nome de Revelação à operação.
O diretor do Departamento de Polícia Metropolitana (DPM), delegado Fábio Motta Lopes, explicou que o que Fermino chama de "profetas" foram informantes que, até devido à ligação do colega com a religião evangélica, repassaram informações importantes para o desvendamento do caso.
A partir dos depoimentos e provas coletadas, o policial chegou até um templo satânico e a sete pessoas, suspeitas do crime. Entre elas estava um bruxo, que teria coordenado o ritual satânico, que acabou preso em 27 de dezembro junto com outros dois homens. Outra pessoa foi detida na última sexta-feira (5) e três seguem foragidas.
Durante a entrevista, o delegado foi questionado se a "revelação divina" do crime não fugiria do aspecto técnico necessário à investigação.
— As pessoas são estranhas, não acreditam em Deus.
Em seguida, disse que já teve outras "revelações" para outros crimes.
— Muitos, muitos outros. Para homicídios e outros crimes. Eu já cheguei a me ajoelhar na igreja e pedir a Deus.
"Há provas", salienta diretor do DPM
Fábio Motta Lopes entende que há provas suficientes da participação dessas pessoas no crime. Uma delas é o próprio encontro dos corpos esquartejados.
— Os corpos são a prova de materialidade, como chamamos no Direito. Elas comprovam a existência do crime — observa o diretor do DPM.
Segundo o diretor do DPM, caso não existissem "indícios substanciais", a Justiça não teria deferido as sete prisões preventivas que, para terem sido decretadas.
Além disso, Motta salienta que há uma "testemunha-chave", que viu o ritual e deu detalhes. Entre eles está o uso de uma capa por parte do bruxo, que o suspeito negou. Depois de cinco horas tentando abrir um cofre encontrado no templo, os policiais encontraram a veste preta com capuz de forro vermelho. Também localizaram uma máscara de lobisomem, que a polícia acredita ter sido usada para assustar as vítimas (veja abaixo).