Cacique preso por envolvimento em assaltos a banco
Uma das notícias mais lidas do dia na área da segurança é a prisão do vereador mais votado de Tenente Portela e cacique da Reserva Indígena do Guarita, no final da tarde de segunda-feira (6).
Valdonês Joaquim (PSD) é suspeito de colaborar no ataque a dois bancos em Miraguaí, que fica a 25 km de Tenente Portela, ambas no noroeste do Estado. O pai dele, Valdir Joaquim, ex-cacique da reserva, também teve prisão decretada, mas está foragido. O Ministério Público informou que as investigações apontaram para a participação da dupla em assaltos ocorridos em fevereiro — eles teriam fornecido alojamento aos criminosos, que ficaram acampados em um terreno dentro da reserva.
Demarcada em 1997, a reserva da Guarita se espalha pelos municípios de Tenente Portela, Redentora e Miraguaí. Estima-se que 6 mil caingangues vivam em uma área de 23 mil hectares.
Conheço a reserva e a região, que é marcada por conflitos. Ainda nos anos 90, a Polícia Federal identificou que índios eram extorquidos por donos de mercados, que ficavam com seus cartões de benefícios sociais pagos pelo Governo Federal e cobravam preços absurdos pelos produtos vendidos no comércio. Houve casos, também investigados, de índios que arrendavam ilegalmente suas terras para colonos brancos plantarem milho e soja. No início dos anos 2000, o então repórter de Zero Hora Carlos Wagner denunciou que índios e brancos, juntos, exploravam sexualmente índias adolescentes. São alguns dos conflitos que se tornaram públicos nos últimos anos.
O que ainda não havia acontecido é o envolvimento de índios (um cacique e um ex-cacique) com quadrilhas violentas de assaltantes de bancos.
Identificado suspeito de esfaquear universitário
A 1ª Delegacia da Polícia Civil identificou um dos dois suspeitos de esfaquear um universitário durante tentativa de roubo na fila do restaurante da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). O crime ocorreu logo depois do meio-dia de segunda-feira (6) na Rua Avaí, no centro de Porto Alegre.
De acordo com o delegado Paulo César Jardim, responsável pela investigação, trata-se do mesmo criminoso investigado por esfaquear um jovem na mesma rua, no mês de julho deste ano, durante assalto. Como os agentes já investigavam o caso ocorrido há quase quatro meses, mostraram fotos do suspeito para várias testemunhas, e todas identificaram o responsável por ser o autor da facada que atingiu o peito do estudante de Design, de 19 anos.
O que a polícia está esperando para prender este homem? Será tão difícil deter um sujeito que ataca portando faca, ao meio-dia, em pleno centro de Porto Alegre, e que, segundo o próprio delegado, já foi identificado? Não adianta a polícia agir com rapidez após a morte de um inocente.
Idoso morto pelo genro
Mais um homem fez vítimas ao tentar matar a mulher. O idoso Laci Borges Dornelles, 70 anos, foi morto a golpes de facão pelo genro em Vila Saicã, interior de Cacequi, na Fronteira Oeste. O crime ocorreu por volta das 21h. Conforme a polícia, a mulher sofreu ameaças do companheiro e fugiu para a casa do pai, que foi morto pelo sogro com um facão. Laci chegou a ser socorrido e encaminhado para atendimento médico, mas não resistiu aos ferimentos. Enquanto a família prestava socorro à vítima, o genro fugiu de carro e não foi mais localizado. A história do assassino de Laci é semelhante a outros tantos matadores de mulheres (ou de quem tenta protegê-las): o casal estava em processo de separação, que não era aceito pelo assassino. O criminosos, como de hábito neste tipo de crime, estaria embriagado no momento do ataque.
Escrevi sobre o assunto na segunda-feira, mas vale recordar. Com a quinta maior taxa de feminicídio do mundo, o Brasil é um dos países mais violentos para mulheres. Os dados integram o Mapa da Violência. Só El Salvador, Colômbia, Guatemala e Rússia são mais perigosos para mulheres do que o Brasil. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o número de assassinatos chega a 4,8 para cada 100 mil mulheres. Outro dado assustador referente às mulheres aparece no 11º Anuário Brasileiro de Segurança Pública, lançado no final de outubro pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP). De acordo com o estudo, 4.657 mulheres foram mortas no ano passado no país – uma mulher morta a cada duas horas. Das vítimas, porém, apenas 533 (11%) foram classificados como feminicídios, termo que designa o extermínio de vidas femininas em contextos de violência de gênero.