O vereador mais votado de Tenente Portela e cacique da Reserva Indígena do Guarita foi preso em uma operação policial sob suspeita de colaborar no ataque a dois bancos em Miraguaí, que fica a 25 km da cidade dele, ambas no noroeste do Estado. Valdonês Joaquim (PSD) foi detido quando se deslocava para a Câmara de Vereadores de Tenente Portela, no final da tarde de segunda-feira (6).
O pai dele e ex-cacique, Valdir Joaquim, também teve prisão decretada, mas está foragido. O promotor de Justiça da cidade, Guilherme Santos Rosa Lopes, informou que as investigações apontaram para a participação da dupla nos assaltos ocorridos em fevereiro — eles teriam fornecido alojamento aos criminosos, que ficaram acampados em um terreno dentro da reserva.
Lá, teria sido organizado um treinamento de tiros. O local ainda foi usado, segundo a investigação, para esconder os veículos, as armas e o dinheiro roubado. Conforme o promotor, foram os dois que viabilizaram a fuga dos assaltantes, que se deslocaram por dentro da reserva, local de difícil acesso para a polícia.
Essa é a 25ª prisão da investigação sobre o assalto na chamada operação Novo Cangaço, nome em alusão à forma violenta com que os crimes ocorreram. Na manhã desta terça-feira (7), cerca de 130 policiais civis e militares entraram na reserva, que tem 23 mil hectares e 6 mil habitantes, em busca de provas contra o cacique. Munição e cartuchos de vários calibres foram apreendidos.
De acordo com o delegado Marion Volino, a polícia já tinha o vereador como suspeito durante a primeira fase da investigação, mas ainda reunia provas contra ele.
— Na época do inquérito havia indícios que levavam a crer que havia participação dele. O inquérito foi encerrado e agora novos elementos surgiram, como pessoas que procuraram MP para depor contra ele — diz o delegado.
A reportagem de GaúchaZH ainda tenta contato com a defesa do vereador. Um funcionário da Câmara de Tenente Portela que preferiu não se identificar informou que o Legislativo ainda não recebeu nenhum comunicado oficial da Polícia Civil, da Brigada Militar ou do Ministério Público.
— O clima na cidade é de curiosidade, pois ninguém sabe ao certo se ele foi preso para ser investigado ou se cometeu algum crime — afirma.