De responsabilidade da Infraero desde setembro, o Aeroporto de Canela, de onde partiu a aeronave que caiu em Gramado no domingo (22), teve obras de melhorias entregues em 2 de novembro. Dez pessoas morreram na tragédia aérea.
As obras no aeroporto, fechado desde o fim de outubro, custaram cerca de R$ 20 milhões. Entre as melhorias estão alargamento da pista de pouso e decolagem (de 18 metros para 30 metros); recapeamento completo e nova sinalização; reforma do pátio de aeronaves com três posições para aviões e uma para helicóptero; e instalação do Sistema Indicador de Percurso de Aproximação de Precisão (Papi) em ambas as cabeceiras - um conjunto de luzes brancas e vermelhas que indicam ao piloto a altura da aeronave em relação à rampa correta de aproximação até a pista.
Nenhuma dessas ações, no entanto, melhora as condições dos pilotos para a compreensão da situação meteorológica na área do aeroporto para a tomada de decisão de decolar ou pousar. O aeroporto de Canela, como mostrou a coluna, não dispõe de torre de controle nem sistema de rádio. Nessas situações, a decisão cabe apenas ao piloto.
Lucas Fogaça, coordenador do curso de Ciências Aeronáuticas da Escola Politécnica da PUCRS, explicou à coluna que as obras foram, basicamente, nas estruturas de pista e no pátio, como as sinalizações. Não houve, no entanto, instalação de sistemas e sensores.
- É tudo basicamente pista, não tem nada de sensor sendo instalado. Nada disso melhora a condição do piloto a entender se o aeroporto está fechado ou aberto ou as condições de pouso em Canela - afirmou.
Após a publicação desse texto, a Infraero enviou nota à coluna. Eis a íntegra:
"A respeito da matéria “Obras de R$ 30 milhões no aeroporto de Canela não incluíram sensores de condições meteorológicas”, divulgada pelo colunista Rodrigo Lopes no GHZ Serra Gaúcha desta segunda-feira (23), a Infraero esclarece:
No dia 2 de dezembro, a Infraero inaugurou a primeira etapa das obras no Aeroporto de Canela visando à retomada dos voos regulares e o aumento do nível de segurança operacional.
1. As melhorias incluem a instalação do PAPI (Sistema Indicador de Percurso de Aproximação de Precisão) em ambas as cabeceiras. O PAPI é um equipamento de auxílio visual à navegação aérea que consiste em um sistema de luzes vermelhas e brancas para confirmar ao piloto o ângulo de rampa de aproximação da aeronave. O sistema oferece mais segurança nos pousos, tanto noturnos quanto diurnos.
2. Após dois meses de assumir o Aeroporto, a Infraero também promoveu o alargamento da pista de pouso e decolagem, que passou de 18 metros para 30 metros, a inclusão de Áreas de Fim de Pista (RESA), seu reforço e recapeamento completo, além da revitalização de toda sinalização horizontal.Melhorias que também reforçam a segurança operacional.
3. A pista de taxiamento e o pátio de aeronaves também foram reformados, ganharam também nova sinalização e a implantação de três posições para aeronaves.
4. Os investimentos nessas melhorias são da ordem de R$ 20 milhões e oriundos da Infraero.
O Aeroporto de Canela não cumpre os requisitos do Comando da Aeronáutica para a obrigatoriedade de implantação de Serviço de Informação de Voo de Aeródromo (AFIS), no entanto, a Infraero está estudando a possibilidade de implantação de um órgão AFIS nas próximas etapas de investimentos do aeroporto.
De acordo com as especificações operativas do Aeroporto de Canela, recebidas pela Infraero no momento da sua outorga, no caso do Aeroporto de Canela, o terminal segue rigorosamente as diretrizes da legislação exigidas para a aviação executiva."