Considerada a "cidade dos presídios", Charqueadas, na Região Carbonífera, sede do maior complexo prisional do Rio Grande do Sul, também sofre com a falta de vagas para os presos. Três detentos, que escaparam de dentro do prédio da Delegacia de Polícia, na noite de quinta-feira (28), continuam foragidos. Por volta das 22h, o trio conseguiu fugir de uma das celas do prédio por um buraco aberto na parede. O caso expõe mais um episódio de suspeitos de crimes custodiados pela polícia em razão do caos provocado pela falta de vagas no sistema prisional.
Conforme o delegado regional Nedson Ramos, a perícia realizada no local deverá apontar como foi feita a abertura na parede. O buraco tinha circunferência suficiente para que uma pessoa conseguisse ter acesso ao pátio, por onde os presos escaparam.
— Não podemos descartar, inclusive, que esse buraco tenho sido feito de fora da cela para dentro —afirma.
Outra possibilidade é que os presos tenham usado algum instrumento, como uma colher, para perfurar a parede. Na noite em que aconteceu a fuga havia quatro detentos na delegacia. Três deles, dois presos em flagrante por tráfico de drogas e o outro por suspeita de envolvimento em um assalto, estavam em uma cela de onde escaparam.
_ Infelizmente, a Polícia Civil está atuando nessas condições, custodiando presos. O prédio da delegacia não tem estrutura, o que ocasionou esse episódio da fuga _ diz o delegado Marco Aurélio Schalmes, titular da Delegacia de Polícia de Charqueadas.
Segundo Schalmes, foi registrada uma ocorrência por dano ao patrimônio público e aberto inquérito para apurar como os presos conseguiram fugir. Foi realizado um levantamento pericial no local. A cela onde aconteceu a fuga permanece interditada. Na tarde desta segunda-feira, nenhum preso era custodiado no local. No entanto, o policial considera essa situação como exceção.
— Já tivemos momentos em que tínhamos até oito presos sendo mantidos aqui.
O delegado informou ainda que os presos não foram capturados até o momento e que não divulgará os nomes dos foragidos. Em maio deste ano, já havia sido registrada outra fuga na mesma delegacia. Dois detentos que estavam sendo custodiados conseguiram escapar e foram recapturados logo depois pela Brigada Militar.
Presos são enviados para Porto Alegre
Conforme o delegado Nedson Ramos, a falta de vagas para os presos de Charqueadas ocorre porque eles estão vinculados à Vara de Execuções Criminais (VEC) de Porto Alegre.
— É uma situação realmente complicada. Apesar de Charqueadas ter o maior complexo prisional do RS, não consegue colocar seus presos ali. Temos de levar para Porto Alegre, para o Central. A população de Charqueadas não entende como com tantos presídios os presos têm de ficar na delegacia — critica.
Além do inquérito aberto para apurar as circunstâncias da fuga, segundo o delegado, os cuidados com o manejo dos presos estão sendo redobrados.
— Sabemos que a partir do momento em que se tem presos por mais tempo, a delegacia se torna mais vulnerável — afirma.