Começou em meados do século XX, quando Charqueadas disponibilizou vastas áreas municipais para que o governo estadual colocasse ali penitenciárias. Contribuiu também o fato da comunidade não se revoltar com a ideia, como ocorreu em outros municípios.
Da oferta de terras e da receptividade da população local surgiu o maior complexo prisional do RS, hoje com quatro prisões de regime fechado e duas do semiaberto. E a localidade da Região Carbonífera, gradualmente, virou a "Cidade dos Presídios". Dos 37 mil habitantes, 5 mil são população carcerária.
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A única experiência negativa – que alimenta certo temor na população local – é com assaltos praticados por detentos do regime semiaberto. Mas a verdade é que, mesmo com essa contrariedade de alguns habitantes (temerosos por vizinharem com presos) o município tem suas vantagens com a instalação dos presídios e hoje as autoridades e empresários locais até brigam para sediar uma nova prisão.
O Clube de Dirigentes Lojistas, a prefeitura e políticos de oposição estão unidos na defesa de mais uma penitenciária federal para Charqueadas.
Um dos motivos: o governo federal fará concurso público de 400 vagas só para a operação do novo presídio. São salários de R$ 5,4 mil iniciais, o que vai dinamizar o mercado imobiliário e a economia local, acreditam os dirigentes municipais. Se a obra fosse algo ruim, outras 17 cidades não teriam mostrado interesse em sediá-la.
Com os presídios surge mais apoio, mais atenção federal e investimentos como asfalto. Sem falar em segurança: a presença do nutrido contingente de PMs que costuma fazer a guarda externa dos presídios também beneficia a população. Tudo isso gera também perspectiva de movimento comercial.