Cerca de 3,3% das pessoas com mais de 64 anos possuem o diagnóstico de mal de Parkinson no Brasil. A patologia é uma doença degenerativa que ocorre quando uma parte das células cerebrais responsáveis pela produção do hormônio da dopamina morrem. Apesar de serem bastante associados com a sensação de prazer, uma das funções destes neurotransmissores é auxiliar no controle dos movimentos.
O Parkinson é uma doença progressiva, que piora com o passar do tempo, por causa disso é importante buscar orientação médica para receber o tratamento mais indicado. Além disso, ele é, atualmente, a segunda doença neurodegenerativa mais comum em pessoas acima de 60 anos, ficando atrás apenas do Alzheimer. Com o objetivo de lançar luz para o problema e conscientizar a população sobre o assunto, o dia 11 de abril é marcado pelo Dia Mundial de Conscientização da Doença de Parkinson. Saiba mais sobre a doença:
Causas
De acordo com a neurologista do Hospital Nossa Senhora da Conceição Marina Coutinho Augustin, não existe uma causa definida. Na verdade, são vários os motivos para o surgimento da doença de Parkinson, cada um com uma pequena responsabilidade. Existem pacientes que desenvolvem a doença exclusivamente por um fator genético, mas é muito raro. A maioria das pessoas é diagnosticada com o mal de Parkinson por causas multifatoriais.
Portanto, podem haver tanto fatores genéticos do paciente que aumentam o risco dele ter a patologia, como fatores de exposição durante a vida. Segundo a neurologista, a exposição a alguns pesticidas é um exemplo de fatores ambientais que podem aumentar as chances de ter Parkinson.
Sintomas
As principais manifestações da doença são motoras. Alguns dos sintomas são a lentificação dos movimentos, tremor com o corpo em repouso, rigidez dos membros e alteração de marcha, principalmente com instabilidade postural, ou seja, com tendência a quedas.
Além dos sinais motores, que são os mais conhecidos e os que dão o diagnóstico, existem outros não motores. A perda de olfato, fadiga, constipação, dificuldade para engolir e alteração de sono são alguns deles. Sintomas cognitivos como esquecimento, desorientação também podem surgir em fases mais avançadas da doença.
— O diagnóstico é feito pelos sintomas motores. A pessoa tem que ter algum daqueles sintomas. Mas geralmente, antes ela já tinha algum sintoma, que a gente chama de pródromos. Então esses sintomas normalmente já estão presentes antes da parte motora — explica Marina.
Além disso, ao longo da doença o paciente pode ter variações dos sintomas, podendo inclusive, haver redução de alguns à medida que a doença avança. Nem sempre uma pessoa diagnosticada com Parkinson terá tremores, que é o sintoma mais associado à patologia.
Diagnóstico
De acordo com Marina, bater o martelo em diagnósticos neurológicos muitas vezes é difícil. Para chegar ao provável diagnóstico do mal de Parkinson é feito um exame clínico, em que são avaliados os sintomas apresentados pelo paciente através de exames físicos neurológicos.
— A gente não tem um diagnóstico de certeza da doença de Parkinson, exceto quando se faz uma avaliação pós morte, uma autópsia — explica a neurologista
O caminho até chegar na doença de Parkinson é basicamente um descarte de outras doenças que podem estar causando tais sintomas. Quando não se chega a nenhum resultado, o Parkinson é considerado e a confirmação da doença acontece quando existe uma boa resposta ao tratamento receitado. Conforme a neurologista, o processo terapêutico não funcionará da mesma forma se o paciente tiver outra doença.
Tratamento
Não existe cura para o Parkinson e também não há nenhum tratamento que pare a progressão da doença. Porém, de todas as doenças degenerativas esta é a que tem mais opções de tratamento sintomático, que ajudam no alívio dos sintomas.
Os mais comuns são tratamentos à base de medicações que visam aumentar a dopamina no cérebro, reduzir a degradação do neurotransmissor ou adicionar uma dopamina modificada no paciente. Esse processo terapêutico pode ser feito sozinho ou combinado com outras estratégias.
— Geralmente, no começo da doença a gente usa uma medicação e com o passar do tempo precisa aumentar tanto a dosagem, como às vezes precisa associar outras medicações — completa a médica.
Existe ainda a possibilidade de realizar uma cirurgia de estimulação cerebral profunda. Nesse caso, são implantados dois eletrodos no cérebro, similares ao marca-passo. Marina salienta, no entanto, que não são todos os pacientes que terão uma resposta satisfatória à cirurgia e que este tratamento terá basicamente os mesmos resultados do uso da medicação.
A vantagem desse procedimento é a redução no número de remédios utilizados e, consequentemente, nos efeitos colaterais causados por eles. O Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA) foi pioneiro na realização dessa cirurgia pelo Sistema Único de Saúde (SUS) no Brasil e é um centro de referência.
Prevenção
A principal prevenção contra o Parkinson -e também todas as doenças degenerativas - passa por um estilo de vida saudável. As dicas já são corriqueiras: coma bem, durma bem e se exercite. Um bom padrão de sono durante a vida é apontado como fonte de prevenção pois pessoas que dormem pouco ou acordam muitas vezes durante a noite podem ter um risco aumentado de desenvolver doenças degenerativas. Já as atividades físicas tanto reduzem o risco de surgimento como auxiliam no retardo da progressão da doença em pacientes já diagnosticados.
Além disso, segundo Marina, existem estudos que mostram que pessoas que tomam uma grande quantidade de cafeína durante a vida têm um risco menor de desenvolver a doença de Parkinson. A substância, presente em cafés, chás e no chimarrão, atuaria como efeito protetor. Portanto, não existe uma fórmula que vá impedir uma pessoa de desenvolver o Parkinson, mas é possível tomar alguns cuidados.
— É importante a noção de que a doença não tem cura, mas tem muitos tratamentos para a gente manter a pessoa com uma boa qualidade de vida — finaliza a neurologista.