
Paulo Roberto Prates (*) e Paulo Roberto Lunardi Prates (**)
As patologias cardiovasculares são a principal causa de morte no mundo. A aorta é a maior e mais importante artéria do corpo humano, sendo responsável por levar o sangue arterial, rico em oxigênio, bombeado pelo coração, para todo organismo. As artérias, bem como a válvula aórtica, são constituídas por um tecido elástico rico em colágeno, que suporta pressões altas.
Composta por três folhetos, a válvula aórtica tem um importante papel na manutenção do fluxo e da quantidade adequada de sangue para irrigar órgãos e músculos. Quando a pressão dentro do coração é maior do que a pressão da aorta, ela abre; quando a pressão baixa, a válvula fecha, mantendo uma pressão mínima dentro das artérias.
Patologias da válvula aórtica
Estenose: quando a válvula não permite a passagem adequada de sangue por encontrar-se obstruída.
Insuficiência: quando permite que parte do sangue ejetado para o organismo retorne para dentro do coração, por apresentar-se alterada.
Ambas são graves, causando cansaço e falta de ar, sendo que o agravamento poderá ocasionar sérios problemas.
O tratamento
O tratamento da doença é cirúrgico: a válvula doente é substituída por uma prótese, que pode ser biológica, feita com tecido orgânico do gado, ou do porco ou ainda mecânica, fabricada em carbono. O tipo é escolhido conforme a opção do paciente, associado à critérios clínicos e indicação médica.
Atualmente, em casos selecionados, essa cirurgia poderá ser realizada sem a necessidade de incisões. A prótese aórtica é montada em uma estrutura metálica, que pode ser expandida e colocada em um cateter, cujo diâmetro é equivalente ao de uma caneta esferográfica e com um pouco mais de um metro de comprimento.
Através da artéria femoral, localizada na região inguinal, acessamos o coração com esse cateter e a prótese é liberada no local certo, com auxílio de uma imagem dinâmica de raio X.
Aneurismas
Já a aorta poderá ser acometida por dilatações em qualquer segmento. Isso é causado por enfraquecimento do tecido das paredes. As principais causas são: hipertensão, síndromes genéticas (umas das mais conhecidas é a síndrome de Marfan, quando ocorre uma deficiência do colágeno) e alterações que acompanham a idade, quando o tecido se torna menos elástico. Essa condição pode ser acelerada por hábitos de vida não saudáveis como fumo e consumo excessivo de álcool.
O maior problema das dilatações ou aneurismas é a ruptura. Por se tratar de uma doença silenciosa e assintomática, é diagnosticada através de exames de imagem, como ecocardiografia e tomografia computadorizada. O tratamento também é cirúrgico e, na maioria das vezes, de maneira minimamente invasiva. Uma prótese cilíndrica, constituída por um tecido sintético muito resistente, costurada em uma estrutura metálica, que pode ser comprimida e colocada dentro de um cateter. Da mesma maneira que tratamos a válvula aórtica, a prótese é liberada no local onde a aorta está dilatada, isolando o aneurisma. Os tratamentos estão em constante evolução, permitindo cada vez mais cirurgias menos agressivas e com uma recuperação mais rápida.
Prevenção
Hábitos saudáveis e exames periódicos são fundamentais para prevenir e diagnosticar precocemente as enfermidades cardiovasculares. Após os 40 anos de idade, consultas regulares com seu cardiologista irão prevenir possíveis problemas que podem afetar a saúde do seu coração.
(*) Cirurgião cardiovascular do Instituto de Cardiologia e membro da Academia Sul-rio-grandense de Medicina (ASRM)
(**) Cirurgião cardiovascular do Instituto de Cardiologia, do Hospital Moinhos de Vento e do Hospital da Criança Santo Antônio e integrante do programa Novos Talentos da ASRM
Parceria com a Academia Sul-Rio-Grandense de Medicina
Este artigo faz parte da parceria firmada entre ZH e a Academia Sul-Rio-Grandense de Medicina (ASRM). A estreia foi em março, com a reportagem “Câncer: do diagnóstico ao tratamento”. Em abril, publicamos artigo sobre depressão e bipolaridade. Uma vez por mês, até dezembro, o caderno vai publicar conteúdos produzidos (ou feitos em colaboração) por médicos integrantes da entidade, que completou 30 anos em 2020 e atualmente conta com cerca de 90 membros e é presidida pelo otorrinolaringologista Luiz Lavinsky. De diversas especialidades — oncologia, psiquiatria, oftalmologia, endocrinologia etc —, esses profissionais fazem parte do Programa Novos Talentos da ASRM, que tem coordenação de Rogério Sarmento Leite e no qual são acompanhados por um tutor com larga experiência na área.