Popularmente conhecidas como infecções hospitalares, as infecções relacionadas à assistência em saúde (IRAS) — termo técnico utilizado atualmente entre os profissionais da medicina — é o evento adverso mais comum que acomete pacientes em tratamento em uma unidade hospitalar.
Usualmente, considera-se dessa natureza casos que são diagnosticados após as primeiras 48 ou 72 horas do início do atendimento.
O problema impacta no tempo de internação, nos custos do tratamento e, principalmente na recuperação dos enfermos — daí que em 2008 foi instituído, por meio de lei nacional, o Dia Nacional do Controle das Infecções Hospitalares, celebrado em 15 de maio.
Prevenção
Embora seja um assunto complexo, que demande a atenção de todos os atores que fazem parte da comunidade hospitalar, a prevenção começa por uma ação básica que todos deveriam fazer ao adentrar uma unidade de saúde: a higienização das mãos. O procedimento correto para a lavagem é umedecer bem as mãos, aplicar o sabão, preferencialmente líquido para diminuir o contato com outras superfícies, e esfregar bem a palma e o dorso. É preciso ter cuidado também com a limpeza das unhas e, após enxaguar, fazer a secagem com folhas de papel, que devem ser utilizadas para também fechar a torneira, evitando contaminar novamente a região.
Além disso, há outros protocolos importantes a serem seguidos. Em relação aos visitantes, não devem, em hipótese alguma, se dirigir a um hospital se estão com alguma doença contagiosa. Já os pacientes precisam seguir as orientações médicas, manter uma boa alimentação e preservar a integridade de sua pele.
Os profissionais que atuam em um ambiente hospitalar também precisam ter consciência de sua responsabilidade para evitar casos — isso passa por toda a equipe de saúde e também pelos funcionários de outras áreas. Todos precisam saber da importância da adoção de protocolos sanitários rigorosos e a implementação de medidas como a melhora das práticas hospitalares, treinamentos para as equipes e o fornecimento de estrutura e dos insumos necessários para atuar na prevenção.
Vulnerabilidade
Todas as pessoas no ambiente hospitalar podem ter uma infecção, mas os pacientes estão em uma escala de risco maior por diversos fatores. Dentre as pessoas que estão em tratamento, há dois públicos que têm ainda mais chance de terem uma infecção como consequência da assistência em saúde. O primeiro grupo é composto pelos pacientes com o sistema imunológico deprimido, o que pode ocorrer pela doença que está sendo tratada ou pela ação dos medicamentos que estão sendo utilizados na terapia. Um ponto sensível a esse respeito é em relação aos antibióticos, já que, ao mesmo tempo que essas drogas são utilizadas para a cura de infecções, elas também interferem no ecossistema natural do organismo humano — onde há uma relação de simbiose com bilhões de bactérias que exercem funções vitais —, deixando o paciente mais vulnerável a ações de agentes externos.
Outro fator que aumenta os riscos de um paciente é a quantidade de invasões que ele sofre durante o tratamento. Pessoas que necessitam do uso de sondas, tubos, cateteres etc estão com menos defesa contra a entrada de microrganismos e são mais frequentemente acometidas por uma infecção.
— São as mais comuns, porque há a quebra da barreira. Quando se fura a pele para acessar um vaso, machuca-se a mucosa para passar um tubo, uma sonda vesical, isso acaba tendo maior chance de ter uma infecção, porque os agentes infecciosos têm uma resistência a menos para poder nos infectar — explica a infectologista Teresa Sukiennik, chefe de Controle de Infecções da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre.
Tipos de infecção
Os tipos de infecção mais comuns em consequência da assistência em saúde são pneumonia e as infecções urinária e da corrente sanguínea, já que têm relação direta com as invasões presentes em mais tipos de procedimentos.
Gastroenterites, infecções de pele, meningites osteomielites e outros eventos relacionados em procedimentos cirúrgicos também podem acometer os pacientes.
Embora quando se fale em Iras as contaminações de origem bacteriana sejam as mais frequentes, também podem ocorrer casos de transmissão viral, como ocorreu durante os períodos mais críticos da pandemia de covid-19 e como costuma acontecer em alas pediátricas.